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O caso da adolescente que cometeu suicídio e deixou uma carta em latim
O desaparecimento de uma adolescente em São Carlos, no interior de São Paulo, acabou em tragédia e deixou um mistério sem solução.
No dia 15 de janeiro deste ano, Larissa Alves, de 15 anos, saiu do trabalho por volta das 17h e não foi mais vista. A família logo comunicou a polícia e, na internet, pessoas se mobilizaram para encontrá-la.
Dois dias depois, na noite de domingo, uma colega de trabalho a encontrou no escritório: Larissa havia se enforcado no arquivo da empresa. No local, foi descoberta uma carta, o que é comum em casos assim. Porém, para a surpresa de todos, o conteúdo estava escrito em latim.
Larissa desapareceu no início do ano
Sem acreditar que a jovem teria dado fim à própria vida, a família começou a duvidar da cena e várias pessoas apontaram elementos que não fariam sentido na história.
O suicídio é também chamado de "morte suja", já que durante o ato a pessoa perde o controle do corpo e acaba liberando urina, fezes e outras secreções. Porém, nada disso foi encontrado em Larissa.
Larissa foi encontrada no escritório em que trabalhava como menor aprendiz
Estranhamente, o corpo da jovem foi achado em uma posição que chamou atenção: ela estava com um braço para cima, fazendo sinal de figas com os dedos, quando o natural seria que os braços estivessem caídos. Em algumas crenças, a figa pode ser usada como amuleto contra olho gordo ou outras coisas ruins.
Para amarrar o pano utilizado para o enforcamento, algumas caixas do local deveriam ter sido removidas, mas não foram. Então, elas deveriam estar ao menos amassadas, já que Larissa teria pisado sobre elas, mas elas estavam intactas.
A carta
Como era de se esperar, muitas pessoas começaram a debater sobre o caso e, em um vídeo publicado pelo canal “Assombrado”, o usuário “dogpupe6”, que supostamente seria estudante de latim, afirmou que o conteúdo está escrito em latim eclesiástico avançado e lembrou que o Google tradutor só traduz palavras, e não normas sintáticas, que, segundo ele, são complicadíssimas nessa língua.
Carta deixada pela jovem
Ele publicou a sua tradução do conteúdo da carta:
"Ela concordou. Os ataques têm que ser mais fortes, ela vai lutar. Enquanto estamos perto, o coração está cinza. Exclamou 'não' e perguntou sobre o modo de partir, já que ele governará. E não obstante em escutar minha voz, as vezes ela olha acima, para ele.
Lembre-se, só uma mente perturbada se apega a aqueles que amam. Há um ano, teve um sonho. Viu tudo ser seu, desde que enviasse um presente, a vida. Algo inocente, poderia ser um desastre.
Lembre-se, só uma mente perturbada se apega a aqueles que amam. Há um ano, teve um sonho. Viu tudo ser seu, desde que enviasse um presente, a vida.
Ela tinha a necessidade de um acordo, para poupar o chefe da família, aquele que obedecia ao evangelho. Mas tudo na terra há de morrer. Nada é feito de graça e as dívidas voltam velejando em algum tempo.
Portanto a escolha deve ser feita por si mesmo, a partir daí eu a fiz. Para a família, o dom de uma menina é de ver e ouvir e sentir. Felizmente nós conseguimos. Esta alma estava fraca, a mente perturbada não sustentou a paixão pelos céus.
Por isso foi mais fácil trazê-la para o nosso lado. Quando eles atacam, vão até o ultimo resquício da alma.
Deixo a carta como uma forma de explicação.
GAAP”
Ao final da carta, depois de assinar como GAAP, a jovem acrescentou “Amo voceis”, o que deixou muitas pessoas intrigadas – afinal, ela sabe escrever em latim, mas errou uma palavra tão simples em português?
O responsável pela tradução também alertou que a frase pode significar “Amo a voz dela”, em latim.
Quem seria GAAP?
Se o nome da jovem era Larissa Alves, por que ela assinou como GAAP?
Segundo a demonologia, Gaap é o 33º espírito, um poderoso príncipe que comandaria 66 legiões de demônios no inferno. Sua função seria tornar os homens sensíveis ou ignorantes, mas também poderia torná-los sábios em filosofia e ciências liberais.
Gaap
De acordo com a “Pseudomonarchia Daemonum”, ele seria honrado com sacrifícios e a queima de ofertas.
A Marcha para Satanás
No dia em que a jovem morreu, ocorreu a “Marcha para Satanás” em diversas cidades brasileiras. Apesar de pequena e pouco comentada, ela reuniu cerca de 150 pessoas na Avenida Paulista.
Com isso, algumas teorias sobre o caso sugeriam que ela poderia ter sido possuída por uma entidade maligna, que foi responsável não só pelo ato de suicídio, mas também pelo conteúdo da carta.
Já outras pessoas acreditam que a jovem tenha sido assassinada e pedem uma investigação apurada por parte da polícia.
Investigações
Em maio, o pai de Larissa, o operário José Luciano Alves, fez uma manifestação para chamar atenção das autoridades. Segundo ele, o Instituto de Criminalística de São Carlos está enfrentando sérios problemas e que, meses após a morte de sua filha, o trabalho da perícia está longe de ter um fim.
Família espera os laudos
Em entrevista ao veículo "São Carlos Agora", ele informou que não recebeu os laudos que comprovariam o suicídio da garota e reforçou que não acredita em tal hipótese. Luciano afirma que Larissa era criada em um ótimo ambiente familiar, estudava, trabalhava, praticava esportes, não tinha vícios, além de ser muito católica.
Na semana de sua morte, ela completaria 16 anos e estava animada com a festa. A mãe, Diana Alves, contou que a roupa que a garota havia comprado para a ocasião ainda estava com a etiqueta.