Política

Celebridades impulsionam debate sobre medicamentos de emagrecimento

Uso de "canetas emagrecedoras" gera discussões sobre segurança.

Nos últimos anos, personalidades como Oprah Winfrey, Amy Schumer, Serena Williams e Tracy Morgan têm falado abertamente sobre o uso de medicamentos da classe dos GLP-1 para controle de peso. No Brasil, influencers e artistas compartilham suas experiências com as chamadas "canetas emagrecedoras", estimulando o interesse público e ampliando o debate para questões de acesso, segurança e regulamentação.

Com o aumento da demanda, surgiram preocupações sobre o impacto em pacientes que necessitam de tratamentos personalizados sob prescrição médica. A possibilidade de restrições à manipulação desses medicamentos em farmácias especiais tem sido observada por profissionais de saúde, pacientes e representantes do setor.

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) destaca que restrições na manipulação podem atingir aqueles que dependem de tratamentos sob medida. Ela afirma: "Na prática, o impacto pode ser direto e bastante duro para os pacientes. Muitos dependem da manipulação justamente porque precisam de doses individualizadas, acompanhamento médico próximo e um tratamento financeiramente acessível".

A senadora alerta que, mesmo com limitações, a demanda por medicamentos de controle de peso persistiria, levando pacientes a buscar alternativas fora dos canais regulamentados. "Se a manipulação for restringida, essas pessoas podem enfrentar descontinuidade terapêutica, aumento expressivo de custos e, em alguns casos, simplesmente ficar sem o medicamento. O mais grave é que a demanda não desaparece. Ela migra para caminhos inseguros, como o mercado ilegal", comenta.

Thronicke ainda ressalta que a legislação brasileira permite a manipulação de medicamentos sob prescrição individualizada, desde que normas rigorosas de qualidade e controle sejam cumpridas. Ela defende o fortalecimento da fiscalização como solução. "O caminho responsável é fortalecer a fiscalização, não proibir. O Brasil já tem legislação clara, normas sanitárias robustas e uma agência técnica altamente capacitada, que é a Anvisa", declara.

Outro problema levantado é o risco de desabastecimento devido à crescente procura. Segundo a senadora, há relatos de produção limitada da versão industrializada, o que poderia afetar ainda mais o acesso se a manipulação for limitada. "A restrição não eliminaria a procura pelo medicamento. O efeito prático seria empurrar pacientes para o mercado ilegal, ampliando riscos à saúde pública, e não protegendo", observa.

Para concluir, Thronicke reforça que decisões que afetam pacientes e o mercado devem ser baseadas em critérios técnicos e no interesse público. "A saúde do paciente precisa estar acima de interesses econômicos ou pressões de mercado. Esse é o compromisso que levo comigo nesse debate", finaliza.