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Tudo sobre o novo game Dragon Ball FighterZ
Ao longo de sua história nos videogames, Goku e companhia marcaram diversas gerações no meu caso, principalmente, por meio das séries Budokai e Budokai Tenkaichi, no PlayStation 2. Poucas foram as vezes em que empresas decidiram explorar algum gênero que não o de luta como uma forma de trazer o universo de Dragon Ball para os jogos, desde o Super Nintendo. Além de Dragon Ball Z Sagas, não consigo pensar em outros que seguiam o formato de aventura, por exemplo. De certa forma, isso contribuiu para que muitos títulos inspirados no anime fossem se tornando repetitivos e, consequentemente, não tão memoráveis quanto aqueles que começaram um determinado estilo copiado posteriormente na forma de sequências e é aí que entra Dragon Ball FighterZ, uma mudança de paradigma necessária.
Quem teve algum contato com o game antes do lançamento, seja por meio de trailers de gameplay ou demos, pode ter tido a impressão de que o estilo de combate se aproxima muito do de Marvel Vs. Capcom. Os golpes são rápidos, personagens de suporte incrementam combos sempre que possível e tudo acontece em um espaço 2D bem cartunesco, o que nos leva ao outro elemento que impressiona mesmo o mais pessimista dos espectadores o gráfico. Não é necessário dizer muito a respeito. Em termos de visual, de todos os games inspirados em Dragon Ball, este está anos luz à frente em autenticidade e proximidade com o que podemos observar no anime. É simplesmente fascinante acompanhar a maneira como os personagens voam na direção dos inimigos ou realizam seus ataques especiais.
Tão importante quanto a qualidade e fidelidade com que tais ações são demonstradas é a facilidade com a qual podemos executá-las. Mesmo os mais inexperientes em jogos de luta conseguirão realizar combos que os deixarão satisfeitos e inspirados a tentar cada vez mais. Caso algum personagem específico não se adeque muito ao seu estilo, apanhar pode oferecer outra perspectiva e até ser interessante no começo. Todos temos os nossos favoritos, mas saber do que os demais são capazes é a melhor maneira para encontrar um novo caminho; uma nova possibilidade em direção à tão almejada vitória. Em último caso, visite a sessão de treinos. Eles realmente te ensinam a realizar combos excelentes e não tão complicados.
As técnicas de luta, dado o tamanho do elenco que será debatido no final do texto, são suficientemente individuais. Embora a sequência de botões para combos de diferentes lutadores pareça ser a mesma, e em alguns casos seja, a altura e direção dos golpes, portanto, a estratégia, varia de acordo com cada situação. Ao controlar a Androide 18, por exemplo, percebi que estava controlando dois lutadores ao mesmo tempo a todo instante, já que muitos dos golpes dela envolvem a participação direta do Androide 17 como personagem secundário. Sincronizar as opções de causar dano com estes dois pode transformar uma luta de três contra três em algum um pouco mais vantajoso para o seu time. Hit, outro personagem com o qual me familiarizei bastante, também tem sua própria maneira de encurralar os inimigos uma velocidade absurda. Ainda assim, não posso deixar de considerar que um "combo breaker" faz falta, já que quem acerta o primeiro soco tem grande vantagem no decorrer da partida.
Embora os combates em si sejam o que jogamos de fato, há inúmeros contextos para que eles aconteçam. Da mesma forma que em qualquer outro game de luta, Dragon Ball FighterZ conta com um modo Arcade, no qual o jogador enfrenta uma sequência de inimigos até chegar no mais poderoso, para desbloquear novos níveis de dificuldade e personagens, assim como para continuar testando a própria capacidade. Há um diferencial aqui, no entanto. De acordo com seu ranking a cada luta, cujo melhor resultado é "S", seguido por "A", "B" e assim por diante, você avança por uma direção na tabela. Há diversas fileiras pelas quais você pode seguir conforme vence. Se alcançar uma das duas maiores notas na luta anterior, por exemplo, o jogador é levado para a fila de oponentes de cima. Se tirar uma nota baixa, ele cai e enfrenta os da fila de baixo. O dinamismo que merece destaque em termos de jogabilidade foi muito bem aplicado mais uma vez.
Existe ainda um modo Torneio, que remete bastante ao clássico do Super Nintendo, DragonBall Z: Super Butouden 3. Nesta opção, até 16 personagens podem ser selecionados e distribuídos em chaves. Os outros 15, se não contarmos o jogador um, podem ser tanto controlados por seus amigos quanto pela máquina. Um detalhe curioso é que você não precisa escolher um time e seguir com ele até o final. Conforme os jogadores avançam, de acordo com as regras estabelecidas na hora de criar a competição, você pode simplesmente mudar os personagens da sua equipe. A sensação, por mais estranho e óbvio que pareça, é de que as vitórias são mais de quem controla os lutadores do que deles simplesmente.
O modo história é um ponto sensível de Dragon Ball FighterZ. A princípio, o jogador pode não entender o que está acontecendo. No entanto, uma vez que a situação é explicada, a sensação de pertencimento ao enredo vem naturalmente e é muito gratificante. Trata-se de uma história inédita com inúmeras referências à obra original; algo realmente encantador para os fãs de longa data. Em dado momento, por exemplo, Yamcha é alvo de piadas como "você morreu lutando contra um Saibamen" e "você não faz diferença nenhuma no time", o que pode fazer quem entende sorrir ou até mesmo gargalhar. Outras interações entre personagens que se conheceram em momentos diferentes da franquia também ficam na sua cabeça algumass chegam a ser emocionantes.
A maneira como a narrativa avança, no entanto, é que pode acabar te cansando bem mais rápido do que devia. Depois de cada cena, o jogador é colocado em um mapa com diversos ícones pelos quais pode andar. Há um limite de movimentos que você pode fazer no mapa e um objetivo a ser seguido. O game te aconselha a pensar bem antes de andar, mas dificilmente todas as suas jogadas vão se esgotar antes de você chegar no chefe de fase. O caminho até este oponente principal é recheado de inimigos que nunca chegam a ser uma ameaça e servem mais para você conhecer cada lutador com calma. Os combates, no entanto, ficam enjoativos. Lutar contra adversários tão fracos depois de ter entendido o básico dos movimentos começa a te dar preguiça de explorar o mapa. A sensação é de que demora muito para que algo realmente relevante aconteça.
Nestes combates de treinamento, como podemos chamar, dependendo da formação do seu time, alguns personagens têm diálogos curtos antes da luta começar. Estas cenas chegam a te animar um pouco e você pode se encontrar esperando por elas antes de todas as lutas mais entediantes. Em alguns momentos seu desejo será atendido, mas em outros Shenlong vai estar rindo da sua cara. Outro elemento que contribui para tornar esta jornada maçante um pouco mais tolerável são as ocasionais aparições de Buu Criança, que literalmente cai do céu no seu mapa e sempre possui um nível maior do que o dos seus personagens. Lutar contra ele gera bastante experiência e isso acaba ajudando na evolução não tão necessária das habilidades de equipe.
Conforme você progride na história, é possível equipar sua equipe e não personagens com diversos itens. Eles oferecem mais ataque, mais saúde, mais defesa, maior capacidade de dano com especiais e todo tipo de vantagem que games como os da série Budokai Tenkaichi ofereciam. É perceptível a diferença entre como seu time luta com eles ou sem eles. Quanto mais itens e de maior qualidade, mais fáceis ficam os combates, o que no caso de batalhas contra a grande vilã do jogo vem a calhar e em outras simplesmente torna a experiência uma etapa que, se possível, o jogador talvez preferisse evitar.
Os modos de combate online não possuem particularidades tão chamativas quanto as outras opções de jogo. Sempre que o jogador inicia o game pela primeira vez, ele é colocado em uma sala que funciona como menu. Para andar por esta sala, você escolhe um avatar inspirado em algum personagem da franquia. As salas podem conter outros jogadores, se você estiver online, ou não. Enquanto caminha entre os modos de jogo, loja e ranking, é possível criar um ringue para receber desafios de outros lutadores ou entrar em lutas com outros que já estão online e esperando. Nas salas, constam apenas os jogadores de sua região. Para enfrentar pessoas de outros continentes, é necessário acessar as Partidas Mundiais, um dos muitos locais deste menu interativo. Uma vez lá, basta selecionar o tipo de oponente que se considera apto a enfrentar com habilidades iguais às suas ou superiores e esperar até que uma partida seja encontrada. Ao contrário do que aconteceu na demo, não enfrentei quaisquer problemas de servidor.
O segundo aspecto sensível do game é a quantidade de personagens e transformações. Quem está acostumado com os games das séries Budokai e Budokai Tenkaichi provavelmente se lembra que era possível transformar-se em super saiyajin ou até mesmo realizar fusões durante uma partida. Estas, infelizmente, não são opções em Dragon Ball FighterZ. O personagem que você escolher possui apenas aquela forma pré-determinada até o final exceto por Freeza, que por alguma razão pode alcançar a transformação em que fica dourado como um de seus especiais. Goku também chega a se transformar em super saiyajin 3, mas apenas para a realização de uma animação de um golpe específico.
Uma das justificativas para que esta escolha fosse tomada pode ser a de que batalhas entre seres muito evoluídos e um Yamcha da vida, por exemplo, ficavam muito desproporcionais. Pensando por este lado, faz sentido. No entanto, é difícil não sentir que faltou esforço na elaboração do elenco, quando o mesmo personagem é contabilizado como dois personagens diferentes simplesmente porque cada um deles está em uma transformação específica.
Quem deve jogar este game?
Este talvez seja o primeiro jogo na história de Dragon Ball a ser tão abrangente em termos de público. Com controles simples e suficientemente diversificados, FighterZ com certeza atrairá os jogadores que gostam do gênero de luta, estejam eles familiarizados com os personagens da franquia ou não. Claro que os fãs de longa data da obra original também podem se sentir tentados a embarcar nesta aventura, e assim devem fazer sem qualquer tipo de receio não demora muito para pegar o jeito, seja o seu nível de habilidade qual for, e jogar online não é necessário para que você possa aproveitar a experiência. Escolha sua dificuldade e siga em frente.
O VEREDICTO
Fonte: IGN Brasil