Turismo
Rio vai ganhar mais dois museus em plena orla, com traços futuristas. CONFIRA
Rio - Rio, cidade bonita por natureza. Suas formas esculturais são atrativos para moradores e turistas que encontram em praias e montanhas uma alternativa de lazer. Parece uma briga injusta disputar com tamanha exuberância de mares e florestas. Mas novos museus a serem inaugurados por aqui, como o da Imagem e do Som, em Copacabana, e o do Amanhã, na Zona Portuária, prometem um show de ousadia arquitetônica e conteúdo cultural. De olho no futuro, o cenário está mudando, literalmente.
Foto: Divulgação
O MIS, em plena orla de Copacabana | Foto: Divulgação
“Hoje somos mais lembrados por nossas belezas geográficas e pela alegria do povo. Mas com a construção desses espaços, apresentamos mais uma opção. Os acervos que esses lugares vão disponibilizar e a imponência desses empreendimentos vão favorecer quem vive aqui ou vem nos visitar. Vamos alimentar a cadeia produtiva do turismo, fazer com que as pessoas fiquem mais tempo e gastem mais”, ressalta o secretário estadual de turismo, Ronald Ázaro.
Projetos que impressionam
Com previsão de inauguração no segundo semestre de 2012, o Museu do Amanhã tem projeto do renomado arquiteto espanhol Santiago Calatrava, vai ocupar 12,5 mil m² do Píer Mauá e prevê a demolição da Perimetral. Sua estrutura será toda feita de material reciclável e seu acervo tratará de questões do homem moderno e do futuro.
Quebrando o paredão de prédios da orla de Copacabana, o Museu da Imagem e do Som é idealizado pelos americanos Elizabeth Diller e Ricardo Scofidio, que se inspiraram no calçadão de Copacabana para desenhar o prédio que guardará, além de um centro de documentação digitalizado, uma galeria de exposições e um espaço para espetáculos. “O Rio já se destaca pela presença do Museu de Arte Moderna, o MAM, e pelo de Arte Contemporânea, o MAC. Em meio às novidades, destaco o MAR, Museu de Arte do Rio, em plena Praça Mauá, onde aportam os transatlânticos com turistas de todo o mundo. O projeto dos cariocas Bernardes e Jacobsen trabalha com nossa tradição de renovar prédios históricos”, ressalta Ceça Guimaraens, coordenadora do Grupo de Estudos de Arquitetura de Museus da UFRJ, ao citar o museu que ocupará o tombado palacete de D. João VI e o edifício onde funcionou o hospital da Polícia Civil.
Para o arquiteto Luiz Eduardo Índio da Costa, cujo escritório dá suporte à obra do MIS, o importante é democratizar a cultura. “Copacabana é uma área carente nesse sentido, é bom que o MIS seja instalado lá. A Cidade da Música, na Barra, é outro exemplo, um prédio interessante arquitetonicamente na região. Precisamos de ícones arquitetônicos”.
André Hippertt, Editor executivo de arte: “O Rio merece esse legado artístico e arquitetônico”
Além de algumas preciosidades remanescentes do passado colonial, dos anos dourados do então prefeito Pereira Passos, que reinventou a cidade no início do século XX com prédios inspirados na arquitetura francesa, e de algumas intervenções modernistas, não temos muito o que admirar em termos arquitetônicos no Rio de Janeiro. A cidade é reconhecida por sua beleza, mas isso deve-se mais aos dotes naturais do que ao padrão estético de seus prédios e monumentos. Por isso vejo com bons olhos esses novos e ousados projetos que farão parte do conjunto de obras que ficará como legado dos dois grandes eventos que a cidade irá sediar: a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Independente de aumentar a oferta cultural, esses novos museus e centros culturais chegam também para disputar com a exuberância da natureza a atenção de moradores e visitantes.
Vik Muniz, artista plástico: “Se o cara nunca viu uma obra que o tocou, sua vida é pobre”
“O que mais me interessa é que tudo seja maior do que cumprir metas do calendário esportivo da cidade e que esses investimentos aperfeiçoem a relação do carioca com a cultura local, além de passarem a imagem de um Rio mais cultural para o mundo. A cidade é conhecida por suas paisagens, sua música, mas também pela violência. O Rio é um lugar de gente criativa e criatividade é um vírus que se transmite. Mas é um local que foi esquecido por um tempo. Às vezes nos impressionamos com um garoto que tira a vida de outro no trânsito. Mas o respeito pela vida a gente só tem vendo coisas bonitas. Se o cara nunca viu uma obra de arte que o tocou, sua vida é pobre e sua relação com o outro vai ser assim. Esses novos espaços se juntam ao querido MAM, que foi palco de minha exposição mais importante e levou todo tipo de gente para ver minhas obras na cidade que tanto amo”.
Fonte: O Dia/Rio