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O que se sabe até agora após ataque em show de Ariana Grande, no Reino Unido

 

agens mostram momento da explosão em show de Ariana Grande em Manchester

 

A polícia britânica informou que Salman Abedi, de 22 anos, é suspeito de ter sido o homem-bomba que matou 22 pessoas e deixou 59 feridas em um ginásio de Manchester, na noite de segunda-feira.

"A prioridade agora é continuar a investigar se ele agia sozinho ou como parte de uma rede maior", disse o chefe de polícia Ian Hopkins. A primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmou ser provável que "um grupo mais amplo de indivíduos" seja responsável pelo atentado.

O governo britânico também elevou o alerta para ataques terroristas no país para nível "crítico", o que significa que a expectativa é de um novo atentado a qualquer momento.

O homem-bomba, que a polícia diz ser Abedi, se explodiu do lado de fora do ginásio Manchester Arena, durante a saída de show da cantora pop americana Ariana Grande, às 22h33 locais (18h33 de Brasília). O local tem capacidade para 21 mil pessoas.

Abedi era natural de Manchester e de família de origem líbia. Ele tinha ao menos três irmãos e viveu em diversos endereços em Manchester, entre eles um local na região de Fallowfield que foi alvo de buscas nesta terça-feira.

 

Investigador forenseDireito de imagemPA
Image captionInvestigador forense é visto deixando a casa em Fallowfield com um pequeno livro intitulado 'Conheça seus químicos'

 

O suspeito também era aluno da universidade de Salford, na região de Manchester. A instituição informou que está auxiliando a polícia local em seus questionamentos.

Ainda na manhã desta terça-feira, a polícia prendeu um jovem de 23 anos por suspeita de ligação com o atentado. Até o momento não há detalhes sobre o suspeito, detido na saída de um shopping da cidade.

A complexidade da bomba usada por Abedi é um dos motivos que apontam para a possibilidade de ação de uma rede de colaboradores.

 

Vigília em ManchesterDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionPovo de Manchester fez vigília em homenagem às vítimas

 

Alerta máximo

Em pronunciamento na noite desta terça, Theresa May informou que o nível de alerta para ataques no país foi elevado para "crítico". Ela fez o anúncio após um encontro do Cobra, o comitê máximo de segurança do governo.

 

Vigília em ManchesterDireito de imagemPA
Image captionMilhares de pessoas se reuniram em Manchester em vigília em homenagem às vítimas do ataque

 

O estado de alerta no país estava no nível "alto" - o que indica alta possibilidade de ataque - desde 2014.

Na noite desta terça-feira, um homem foi preso pela polícia antiterrorismo no aeroporto de Stansted (o terceiro maior de Londres) sob suspeita de planejar viajar para a Síria para preparar atos de terrorismo.

O homem de 37 anos foi barrado antes de embarcar em um voo para a Turquia na noite desta terça e levado para uma delegacia no Sul de Londres, onde está detido. A prisão não teria qualquer ligação com o ataque a Manchester.

A capital britânica foi alvo de um ataque há dois meses, quando um homem atropelou pedestres na ponte de Westminster e tentou invadir o Parlamento armado com uma faca, matando cinco pessoas e ferindo outras 50.

É a terceira vez que o Reino Unido registra alerta crítico para ataques terroristas desde a introdução do sistema. A primeira vez foi em 2006, quando uma operação desbaratou um plano para atacar linhas aéreas transatlânticas com bombas líquidas.

O alerta atingiu o nível máximo novamente em 2007, quando um homem tentou acionar um explosivo em uma casa noturna de Londres antes de seguir para um ataque no aeroporto de Glasgow, na Escócia.

Com a elevação do alerta, membros das Forças Armadas serão enviados a diferentes partes do Reino Unido para reforço da segurança. Segundo a primeira-ministra, esses militares deverão ser vistos em "grandes eventos", como jogos de futebol e shows.

Por meio de comunicado na rede social Telegram, o grupo islâmico Estado Islâmico disse que o ataque em Manchester foi realizado por "um dos soldados do califado", mas a reivindicação de autoria ainda não foi verificada.

 

Homem foi preso nesta terça na saída de shopping em ManchesterDireito de imagemMARK WORSWICK
Image captionHomem foi preso nesta terça na saída de shopping em Manchester

 

Perfil das vítimas

Das 22 vítimas do ataque, ao menos três foram identificadas: Saffie Rose Roussos, de 8 anos, a estudante universitária Georgina Callander, de 18 anos, e John Atkinson, de 28 anos.

Saffie, de 8 anos, estava no show com a mãe e uma irmã, que foram hospitalizadas. Uma professora da garota a descreveu como "uma linda pequena menina em todo aspecto da palavra", que era "amada por todos".

Os feridos - que incluem 12 crianças com menos de 16 anos - estão sendo tratados em oito hospitais da região. Ainda há pessoas desaparecidas, entre elas quatro adolescentes.

 

Saffie Roussos e Georgina Callendar
Image captionSaffie Roussos, de 8 anos, Georgina Callander, de 18 anos, estão entre as vítimas do atentado após show

 

Solidariedade

Logo após o ataque, moradores da cidade britânica ofereceram acomodação a pessoas de fora retidas na cidade, com a hashtag #RoomForManchester no Twitter. Uma campanha de arrecadação organizada por um jornal local havia reunido até a tarde desta terça-feira cerca de R$ 2 milhões para apoio a famílias de vítimas do ataque. Também houve homenagens às vítimas no entorno da igreja St Ann's.

Moradores de Manchester também organizaram uma grande vigília em frente à prefeitura da cidade na tarde desta terça. O prefeito da cidade, Eddy Newman, abriu o ato com um agradecimento aos serviços de emergência, que motivou fortes aplausos.

"O povo de Manchester se lembrará para sempre das vítimas, e derrotaremos os terroristas trabalhando juntos para criar comunidades coesas e diversas que são mais fortes juntas. Nós somos os muitos, eles são os poucos", disse o político a milhares de pessoas.

 

Homem durante vigília em ManchesterDireito de imagemJEFF J. MITCHELL/GETTY IMAGES
Image captionHomem com cartaz com a inscrição 'Eu amo Manchester (MCR)' durante vigília em homenagem às vítimas de atentado

 

'Cruel ataque'

Mais cedo, a primeira-ministra Theresa May disse que o episódio foi um "cruel ataque terrorista" e "uma covardia terrível e repugnante".

May chegou por volta das 14h de Manchester (10h de Brasília) ao local do ataque.

Os partidos britânicos estavam em plena campanha política para as eleições convocadas para o dia 8 de junho, mas a campanha será suspensa até segunda ordem.

Nesta terça-feira, a rainha Elizabeth 2ª e o duque de Edimburgo observaram um minuto de silêncio pelas vítimas no Palácio de Buckingham.

 

Theresa MayDireito de imagemPETER BYRNE
Image captionPrimeira-ministra britânica, Theresa May, com o chefe de polícia de Manchester, Ian Hopkins, na sede da corporação em Manchester

 

O ataque em Manchester foi o mais grave atentado à bomba do Reino Unido desde os ataques no sistema de transportes de Londres de 2005, que deixaram 52 mortos.

Na ocasião, quatro jovens muçulmanos britânicos detonaram explosivos em três vagões do metrô e um ônibus em Londres. Mais de 700 pessoas ficaram feridas.

 

Explosão em ManchesterDireito de imagemFOTO LNP
Image captionJovem ferida recebe atendimento após explosão
Testemunhas de explosão em ManchesterDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionPolícia escoltou público que saía da casa de shows após explosão; pelo menos 59 pessoas ficaram feridas

 

Testemunhas

O britânico Josh Elliot, que estava no show, relatou à BBC que "houve um grande estrondo, e todos começaram a correr".

"Foi um tumulto, foi terrível. As pessoas choravam, e havia carros de polícia por todos os lados. Levantamos (do chão) quando achávamos que estávamos em segurança e saímos (da arena) o mais rápido que conseguimos", disse.

 

Explosão em ManchesterDireito de imagemPETER BYRNE
Image captionMulher é confortada após ataque em Manchester

 

Outras testemunhas também descreveram um cenário de caos.

"Ariana Grande tinha terminado a última música e houve um grande barulho. Eu vi pessoas correndo e também corri instintivamente. Terminamos em um corredor sem saída. Foi apavorante. Encontrei a porta principal e havia gente chorando por todo lugar", afirmou o estudante Sebastian Diaz, de 19 anos.

Uma mulher contou à rádio BBC de Manchester que estava no show com a filha de 14 anos e que ambas haviam decidido começar a sair pouco antes do final da apresentação.

"Quando estávamos saindo ouvimos um estrondo enorme. Na hora pensei que tínhamos perdido algo do show, mas quando nos viramos havia uma multidão descendo as escadas, pessoas caindo. Peguei minha filha e corremos. Pessoas estavam sendo esmagadas no chão."

Um porta-voz de Ariana Grande - cujo público é majoritariamente infanto-juvenil - disse que a cantora não se feriu. Pelo Twitter, ela disse estar "devastada" pelo que aconteceu. "Do fundo do meu coração, eu sinto muito. Não tenho palavras", escreveu.

 

Polícia em Manchester próximo ao local da explosãoDireito de imagemDAVE THOMPSON/GETTY
Image captionPolícia isolou a área da arena e também fez detonação controlada de um objeto após a primeira explosão
Polícia nos arredores da Manchester Arena após relatos de explosãoDireito de imagem

Fonte: BBC Brasil