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Lara Croft justificará o título da franquia Shadow of the Tomb Raider

Shadow of the Tomb Raider conclui a trilogia que reconta a origem de Lara Croft. O reboot, de 2013, trazia uma protagonista vulnerável, apresentando um lado menos heroico da personagem e o início de sua transformação. A sequência, Rise of the Tomb Raider, se aproximava mais dos jogos lançados no final dos anos 1990 para PlayStation 1 embora ocasionalmente hesitante, ela já se mostrava menos insegura a respeito das próprias atitudes. No novo jogo, Lara parece ter entendido que é inevitável sujar as mãos e, determinada, batalha por seus objetivos.

Afinal, quais são esses objetivos? Basicamente, evitar um apocalipse previsto pelos povos Maias, que não por acaso está prestes a se tornar realidade, e destruir a "Trindade" organização cuja existência não apenas colocou o mundo em risco diversas vezes, como também traumatizou a protagonista de maneira direta. No processo, ela irá até o Peru (o jogo deixa claro que, por pouco, a heroína não foi parar no Brasil), descobrirá uma cidade escondida e terá de sobreviver em um dos ambientes mais hostis do planeta, a selva; naturalmente, uma constante dualidade de vida e morte. Não há contexto mais apropriado.

IGN Brasil teve a oportunidade de testar Shadow of the Tomb Raider a convite da Square Enix nesta quinta-feira (26). Você confere abaixo nossas primeiras impressões sobre o game.

Com lançamento marcado para 14 de setembro, Shadow of the Tomb Raider segue a mesma receita de seus dois antecessores em termos de gameplay. Enquanto explora o mundo ao redor, Lara precisa enfrentar inimigos seja furtiva ou escandalosamente , resolver enigmas utilizando arco e flecha, evitar armadilhas escondidas pelo cenário, sobreviver a desafios de plataforma que exigem muita precisão no pulo e, como em títulos mais antigos, nadar por baixo d'água para acessar locais de interesse e, eventualmente, encontrar itens e colecionáveis.

Um dos aspectos que mais chama atenção imediatamente é a leveza da personagem, seja na maneira como anda, corre, nada ou pula. Por causa da agilidade da protagonista, a jogabilidade acaba sendo muito mais dinâmica. Isso tem grande influência sobre os jogadores não apenas por aumentar a velocidade na conclusão de cada etapa, mas também por contribuir para a exploração do ambiente, que se dá de maneira muito mais orgânica.

Escaladas também ocorrem com essa mesma naturalidade. Ao pular na direção de uma parede, é possível apoiar-se nela para dar um salto e alcançar um local mais alto ou começar a subir nela no maior estilo Homem-Aranha. Para auxiliar na constante alteração de altura entre um lugar e outro, é possível utilizar uma corda de rapel com a qual o jogador pode descer de volta para uma plataforma mais baixa ou se balançar para pular em determinada direção.

 

 

 

O bom desempenho vem acompanhado de uma experiência visual fascinante, fundamental para que exista a vontade de continuar procurando o que fazer. A textura dos objetos que preenchem os cenários, seja dentro de cavernas escuras, em meio às árvores e rochas das paisagens mais abertas ou em lugares cheios de NPCs humanos é satisfatoriamente realista, mesmo em uma versão disponibilizada meses antes do lançamento da versão final do jogo. Nosso teste, inclusive, foi realizado em um Xbox One comum. É difícil não imaginar como teria sido a experiência em um Xbox One X.

Além das mecânica de exploração, claro, o combate sempre foi um aspecto fundamental de Tomb Raider. Embora exista certa pluralidade nas opções para superar cada desafio, os elementos disponíveis no cenário deixam claro que há sim certa expectativa de que o jogador se comporte de maneira mais furtiva. São inúmeros os pontos de cobertura que favorecem a utilização de arco e flecha e, portanto, uma maneira de matar sem declarar guerra contra grupos enormes de inimigos. Afinal, sejamos sinceros: ninguém teria a menor chance no mundo real contra outras vinte pessoas armadas estando sozinho. Chega a ser até mais satisfatória a sensação de que ninguém viu Lara eliminar cada um dos vilões presentes na tela. Talvez por parecer algo mais plausível, considerando as condições de batalha.

Todas as tumbas, desde o início da franquia, eram cheias de armadilhas mortais e enigmas cuja resolução era fundamental para a progressão da história. No primeiro caso, não há do que reclamar. Um passo em falso e Lara pode ser perfurada por inúmeras lanças claro que isso é bom. O jogador mais atento conseguirá prevenir tais mortes olhando para o chão e reparando nas cordas em que, eventualmente, tropeçaria uma última vez. Aliás, a velocidade com que seu corpo é atingido pelas lâminas escondidas pode até assustar. Há segredos mortais por todos os lados, literalmente.

Com relação aos enigmas, no entanto, pelo menos durante a hora de gameplay disponibilizada para avaliação da imprensa, Shadow of the Tomb Raider precisa encontrar uma maneira mais original e complexa de desafiar a capacidade do jogador de resolver um problema. Embora em termos de plataforma no caso, precisão no pulo para prosseguir com seu objetivo o jogo seja suficientemente desafiador, ele não chega a exigir tanto em termos de lógica e a estrutura de resolução para os puzzles (utilizar flechas com cordas para mover grandes objetos ou improvisar pontes) é semelhante demais a dos dois games anteriores.

Apesar dos puzzles não tão originais, a jogabilidade debaixo d'água, finalmente amplificada, oferece ao mesmo tempo uma sensação de frescor e nostalgia. Ao contrário dos últimos dois títulos, é possível explorar cenários submersos mais detalhados que contam com perigos tão ou mais terríveis do que os encontrados em terra. Assim como em Sonic, é necessário encontrar pontos para recuperar o fôlego antes de seguir adiante. Conforme você vai perdendo ar, Lara começa a emitir sons que, acompanhados da distorção visual, trazem uma atmosfera genuinamente sufocante; agonizante.


Embora estejamos acostumados a falar o nome da franquia pensando apenas nos games, há momentos em que nos esquecemos de "quem" é "a" Tomb Raider. Ao que tudo indica, não restará mais dúvida de que Lara Croft merece ser conhecida desta maneira. Confiante, a protagonista da série está pronta para se tornar quem ela sempre foi no título mais recente, por mais estranho que soe. A diferença é que desta vez acompanhamos todas as etapas de sua transformação. Felizmente, todo este conceito parece ter sido devidamente traduzido na jogabilidade. Portanto, não espere apenas uma boa história, mas um bom game em todos os aspectos.

Fonte: IGN Brasil