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Homem-Aranha: De Volta ao Lar, chega ainda mais emocionante, confira!
Há poucos heróis no universo das HQs que podem se dar ao luxo de receber várias adaptações e reboot no cinema. Por sorte, após duas versões produzidas pela Sony, o Homem-Aranha retorna para sua terceira estreia solo dessa vez como parte do universo cinematográfico da Marvel, o qual certamente não seria o mesmo sem ele. Sempre vou guardar os filmes de Sam Raimi, com Tobey Maguire, com carinho no coração, mas Tom Holland é, sem nenhuma dúvida, o melhor Peter Parker que os fãs poderiam esperar.
Homem-Aranha: De Volta ao Lar, que chega aos cinemas nesta quinta-feira (6), não funciona como uma história de origem, mas apresenta para Peter situações com desafios, responsabilidades e um nível de aprendizado que nenhum outro filme sobre o herói ofereceu. Os eventos da narrativa acontecem, na maior parte, após Capitão América: Guerra Civil, mas também passam por períodos que sucedem a batalha de Nova York em Vingadores e que antecedem Guerra Civil. Dessa forma, o roteiro ganha muito mais tempo e contexto para os seus personagens principais.
Há muita coisa acontecendo na vida de Parker, algo que acaba atrapalhando o ritmo do filme e faz parecer durar mais do que devia. Dessa vez, ele é um adolescente no colégio, que precisa lidar com lição de casa, provas, paixões, bullying e sua tia May (Marisa Tomei). Mas nada disso é prioridade do protagonista, que deseja ao máximo provar suas capacidades para Tony Stark (Robert Downey Jr.) enquanto protege a cidade. De Volta ao Lar acerta em criar um clima descontraído e, em alguns momentos sarcástico, com a ideia que estamos lidando com o herói mais jovem do cinema.
De Volta ao Lar tem a história mais íntima das produções da Marvel"
No segundo ato, o filme sofre em tentar alcançar o ritmo frenético das múltiplas situações em que Parker está envolvido. Em um momento, acompanhamos uma cena de luta insana contra o Abutre (Michael Keaton), para segundos depois ver o herói de volta para escola e saindo para lutar de novo. Ao mesmo tempo que esta dinâmica traz um lado único para jornada pessoal do Homem-Aranha, também sufoca a narrativa.
A luta de Parker em tentar administrar seus dois lados, o adolescente comum e o Homem-Aranha, traz uma perspectiva que nenhum outro filme de herói tem até o momento. Estes dilemas de rotina, combinados com a personalidade divertida do personagem, fazem com que De Volta ao Lar tenha a história mais íntima das produções da Marvel, aproximando o espectador com a narrativa de forma profunda. Claro que a atuação e carisma de Holland colaboram bastante com a simpatia do herói, mas isso já foi muito bem comprovado em Guerra Civil.
Quando o assunto é personagens de suporte, os amigos do novo Homem-Aranha superam as expectativas. Ned (Jacob Batalon) e Michelle (Zendaya) colaboram com o humor em quase todas as cenas que aparecem, ao mesmo tempo que possuem suas próprias histórias e peculiaridades que fazem valer os seus respectivos tempo de tela. Já Liz, a garota dos sonhos de Peter, está lá apenas para representar um lado do romance e ser gancho para a melhor reviravolta do filme.
Vale também notar que a participação do Homem de Ferro é mais sutil do que o material de divulgação do filme sugere, com Stark servindo bem como um tutor do novo herói. No entanto, a melhor adição de personagens familiares fica com Happy Hogan (Jon Favreau), o qual já deveria ter retornado ao universo da Marvel há um tempão.
No meio de tudo isso, ainda temos o vilão Abutre, um homem chamado Adrian Toomes que aproveitou da invasão chitauri em Nova York para criar um contrabando ilegal de armas feitas a partir de tecnologia alienígena. Após muitas falhas, é seguro falar que a Marvel conseguiu criar um antagonista digno de interesse e atenção e grande parte deste mérito vai para Keaton. O antagonista torna-se medonho na pele do Abutre e sarcástico como Adrian, trazendo um equilíbrio ideal para a vida de Parker como um estudante e como Aranha.
Há outros dois pontos em que Homem-Aranha: De Volta ao Lar erra a mão, sendo o primeiro deles uma trilha sonora original ruim, que quebra o clima em momentos específicos, com melodias que não combinam com a situação. Enquanto as lutas são bem coreografadas, as grandes cenas de ação ultrapassam o limite de absurdo ao tentar impressionar com uma balsa partindo-se ao meio, com uma solução ainda mais exagerada. Dessa forma, a ação acaba sobrepondo a razão além do necessário isso acontece inclusive para criar ganchos que deixam algumas pontas soltas na narrativa.
O VEREDICTO
A estreia de Homem-Aranha: De Volta ao Lar é importante por vários motivos, sendo o principal deles o fato de que parte dos fãs estão cansados de ver Robert Downey Jr. e Chris Evans como Homem de Ferro e Capitão América na tela. Ter um novo herói, neste caso muito bem representado por Tom Holland, é essencial para alimentar a empolgação do público mais jovem, que dessa vez podem se identificar com os problemas de um Peter Parker adolescente. Ao mesmo tempo, o filme vai satisfazer os fãs que buscavam um retorno de qualidade para o personagem e trazer boas reviravoltas. Ainda há muito para este personagem fazer e aprender, com potencial para filmes ainda melhores do que este. Mesmo com clichês e problemas de ritmo, De Volta ao Lar é único dentro do gênero de super-heróis, conseguindo solidar Holland como o melhor Homem-Aranha do cinema e finalmente trazer um novo vilão respeitável para a Marvel.Fonte: IGN Brasil