Meio Ambiente
Energias renováveis no Brasil: é preciso fazer mais por elas!
(Divulgação)
Em entrevista com Ricardo Baitelo (Coordenador de Clima e Energia do Greenpeace Brasil), ele diz que a gente poderia analisar o quanto as empresas investem em fontes alternativas e descobre que é relataivamente pouco em relação ao que destinam à exploração de petróleo. Esta seria uma forma de deixá-las com uma cara mais sustentável, embora existam empresas que já atentem para a necessidade de reduzir as emissões dos gases do efeito estufa.
Segundo dados do Greenpeace, cerca de 80% da oferta de energia primária hoje no mundo é vinda de combustíveis fósseis e 7% de energia nuclear. O restante, que seria as fontes de energia renováveis, representam 13% da produção mundial de energia primária. Em geração de energia elétrica, a parcela das renováveis sobe para 18%.
Para Baitelo, seria possível investir em energias alternativas para suprir a demanda energética: “Na chamada revolução energética é possível fazer uma transição, não é da noite para o dia e não é uma resposta simples. É múltipla e precisa de um plano de transição”, disse ao defender as fontes de energia eólica e solar.
Ele ainda destaca que a energia solar é a fonte que mais cresce no Brasil, cerca de 50% ao ano. À medida que o uso da energia solar dobra, é possível reduzir em 20% o seu preço. “Isto significa que o preço da energia solar cai 10% ao ano e, em 10 anos, poderemos ter uma energia solar acessível”, diz.
Países como Alemanha, Espanha, Estados Unidos e Japão já investem há um bom tempo na energia solar, mas é no Brasil e no continente africano que existe um grande potencial para essa tecnologia. “No Brasil, a solar tem um grande potencial. Em segundo lugar está à eólica e, em seguida, a biomassa (a partir de resíduos agrícolas, industriais e florestais). Existe ainda uma fonte pouco falada, a energia oceânica”, diz Baitelo.
Segundo ele, pela grande extensão da costa brasileira, o país pode aproveitar o movimento mecânico das ondas do mar e transformá-lo em energia. “Esta ainda é a mais cara de todas, mas já existem pesquisas no Brasil sobre isso. Não podemos apenas confiar na chuva e no vento que são inconstantes para gerar energia. Não basta ser limpa, a fonte tem que ser constante”.
Segundo um estudo publicado em 2012: Além de grandes hidrelétricas: políticas para fontes renováveis de energia elétrica no Brasil, a WWF (World Wildlife Fund) garante que o país tem capacidade para aumentar em, pelo menos, 40% a produção de eletricidade a partir de fontes renováveis alternativas, sobretudo se investir na geração de energia eólica e biomassa.
No caso da eletricidade gerada a partir do vento, por exemplo, a WWF revela que o Brasil seria capaz de produzir 300 milhões de quilowatts por ano. Mas atualmente não produzimos nem a metade, apenas 114 milhões de quilowatts/ano.
Na Biomassa, o potencial de geração de eletricidade é obtido a partir da disponibilidade de bagaço da cana-de-açúcar, principal fonte desta modalidade no país. Existem 440 usinas de cana-de-açúcar em atividade no Brasil, mas a maioria delas produz energia somente para suprir as necessidades energéticas das próprias unidades de processamento do setor sucroalcooleiro. Apenas 100 usinas produzem eletricidade para o sistema elétrico nacional.
De acordo com a União da Indústria de Cana-de-açúcar (UNICA), o potencial de geração de eletricidade dessa fonte é de 1,5 milhão de quilowatts/ano. Segundo o Instituto Acende Brasil, os canaviais existentes no Brasil poderiam gerar cerca de 14 milhões de quilowatts/ano.
Os resíduos sólidos também têm grande potencial de geração de energia, por meio de energia retirada do biogás. A previsão é que as tecnologias de gaseificação de biomassa tornem-se competitivas apenas em 2020, segundo o Plano Nacional de Energia 2030, elaborado pelo Conselho Nacional de Política Energética. O plano prevê a entrada em operação de sistemas de gaseificação de biomassa no setor sucroalcooleiro que gerarão 5% da energia do país. Já a previsão para 2030 é que essa participação cresça para 13%.
Ainda segundo a WWF, a energia solar pode produzir o dobro da energia de Itaipu usando uma área equivalente ao lago desta usina hidrelétrica. Se o espelho do lago de Itaipu fosse totalmente coberto com painéis fotovoltaicos seria possível produzir 183 milhões de quilowatts/ano, contra cerca de 90 milhões que Itaipu produziu em 2011.
Por fim, o balanço econômico está mudando em favor das energias alternativas. É cada vez mais caro produzir energia hidrelétrica no Brasil, pois os melhores pontos para construir usinas já foram usados. Em contrapartida, à medida que a tecnologia avança, o preço das alternativas cai.
Fonte: O Eco