Polícia
Coronel diz que briga entre Polícia Militar e Civil pelo Caso Emily é à toa
“Estão brigando à toa”. A frase é de um coronel da Polícia Militar do Piauí, que prefere não ter o nome divulgado para não se envolver na polêmica da competência da investigação da morte da menina Emily Caetano. “O inquérito policial é uma peça dispensável. Nem precisa dele. Só serve para orientar o Ministério Público na apresentação da denúncia”.
A observação é feita no mesmo dia em que a direção do Sindicato dos Delegados da Polícia Civil do Piauí assina nota oficial defendendo a competência da investigação do caso para a Polícia Civil e dizendo que estão tentando a reinstalação de uma ditadura militar.
“Toda e qualquer investigação em paralelo pela Polícia Militar é ilegal e tenta confundir a opinião pública, como já o fez, quando, no intuito de mascarar a verdade, tentaram criminalizar a família de Emilly, passando a informação de que o carro ocupado por três crianças e seus pais, que foi fuzilado pelos militares, estaria envolvido numa ocorrência policial, quando enquadraram o fato como lesão corporal seguida de morte e ainda foram omissos quanto as alterações no local do crime feitas pelos militares, tudo com a anuência do comandante Geral da Polícia Militar, que tentou impedir que esses fatos chegassem ao conhecimento da Polícia Civil e da sociedade piauiense”, diz um trecho da nota dos delegados.
Mesmo alegando que o inquérito pode até ser dispensado, o coronel que falou a reportagem do Portal AZ invocou o artigo 144, parágrafo 4º, da Constituição Federal do ano de 1988, para explicar que as polícias civis são “dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares”.
Acrescenta ainda o artigo 82º, parágrafo 2º, da Lei 9299/96 (Código Militar), “os crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a Justiça Militar encaminhará os autos do inquérito policial militar à justiça comum".
“Será que ainda não ficou claro: uma coisa é investigação e a outra é julgamento”, observa o coronel, finalizando que não ver problema em um inquérito ser realizado pela Polícia Militar e outro apensado pela Polícia Civil, já que os dois vão para um mesmo juízo. “É como falei: uma briga à toa”.
Entenda o caso
Emilly Caetano da Costa foi morta durante uma abordagem policial na Avenida João XXIII, zona leste de Teresina, na madrugada de terça-feira (26/12/2017). A menina, de apenas nove anos, chegou a ser socorrida, mas faleceu pouco tempo depois.
Os pais da criança Evandro da Silva Costa e Daiane Caetano também foram atingidos de raspão. De acordo com a coronel Elza Rodrigues, a viatura da Polícia Militar recebeu uma denúncia de que uma dupla em um veículo Renault modelo Clio havia praticado um assalto.
“A viatura estava em rondas na avenida quando recebeu a denúncia e viu o veículo suspeito, deu ordem de parar e o mesmo aumentou a velocidade. Com isso, os policiais efetuaram disparos contra o carro e acabou atingindo os ocupantes”, disse a coronel.
Emilly Caetano da Costa teve a costela e o tórax perfurados pelos disparos de arma de fogo. A menina faleceu no Hospital de Urgências de Teresina (HUT), às 05h45min. Daiane Caetano foi socorrida e já recebeu alta. O pai da criança Evandro da Silva Costa segue em observação no HUT.
Os policiais envolvidos foram autuados e encaminhados para o presídio militar.
Fonte: Portal AZ