Cultura

Conheça a história e as atividades oferecidas pelo “Teatro do Boi”, na zona Norte de Teresina

Em pouco mais de 23 anos de trajetória, o Teatro do Boi tem proporcionado o contato com manifestações artísticas e entretenimento de qualidade à comunidade do bairro Matadouro e aos demais moradores da zona norte de Teresina, chegando a atingir até pessoas de outras regiões da capital piauiense. Criado em 15 de agosto de 1987, o local que oficialmente possui o nome de CIARTE (Centro Integrado de Arte do Matadouro), tornou-se popularmente conhecido como Teatro do Boi por estar localizado onde funcionava o mais antigo matadouro de Teresina no qual se abatia grande número de bovinos.

Trata-se de um espaço que oferece à população uma programação bastante variada e saudável e que tem como objetivo transformar culturalmente a realidade das comunidades próximas, através de uma estrutura que conta com espaço cênico com capacidade de abrigar 160 pessoas, Biblioteca Fontes Ibiapina, Galeria de Artes Fernando Costa, salas próprias para prática de danças variadas dotadas de barras e espelhos e espaço dedicado a manifestações folclóricas e dinâmicas de grupo, chamado “Quadra do Berro”.

 

 

O "Teatro do Boi" fica localizado na Av. Rui Barbosa, bairro Matadouro, zona Norte de Teresina. (Foto: José Afonso Júnior)

 

A comunidade do bairro Matadouro e das localidades vizinhas possuem a oportunidade de participar e se sentir parte integrante dos eventos e manifestações culturais oferecidas pelo teatro. Atividades de danças folclóricas e populares, capoeira, cinema, oficinas de artes plásticas, de corte e costura, de desenho, pintura, reciclagem, aulas de percussão com instrumentos alternativos e apresentações musicais de vários gêneros são algumas das formas de entretenimento que atraem cerca de 600 crianças e adolescentes entre 07 e 16 anos à casa cultural.

Além destas atividades, o teatro também é o ponto de encontro e ensaios da banda infanto-juvenil Wall Ferraz, do Grupo de Flauta Doce Sopro Divino e do Boi Mirim Estrela do Matadouro. Este último surgiu a partir da oficina de Bumba-Meu-Boi, que tem como função principal preservar o significado e a importância dessa manifestação genuinamente piauiense, que se relaciona de forma direta ao teatro pelo próprio nome do espaço cultural. É conduzido principalmente por Mestre Chagas e reúne 30 crianças que ao atingirem a idade máxima de 15 anos, cedem espaço para novos integrantes. Especialmente na época das festividades juninas, o grupo se apresenta por toda a cidade ao transmitir a todos esta importante e especial tradição piauiense, que infelizmente encontra-se bastante negligenciada e esquecida por grande parte da população do estado.

Segundo o veterano instrutor do Grupo de Percussão Chacundum, Pedro Alcântara, que coordena 28 crianças e adolescentes na arte musical dos batuques, a receptividade da comunidade às atividades e manifestações culturais oferecidas pelo Teatro do Boi tem sido muito satisfatória, apesar de algumas dificuldades periódicas.

“A comunidade prestigia bastante e já chegamos a atingir um índice de 100% de aceitação, ou seja, de preenchimento de vagas nas atividades culturais que são oferecidas. Durante alguns períodos do ano, as atividades passam a receber menos alunos, devido ao nível social da população, problemas familiares, condição de área de risco e outros motivos. Mas depois se matriculam novamente e dessa forma vão passando para outras oficinas ao chegarem aos 14 anos”, declara o instrutor Pedro.

 

 

O Boi, que dá nome ao Teatro, tem uma ligação fundamental com a casa cultural(Foto: José Afonso Júnior)

 

O Teatro do Boi foi incluído na primeira etapa do Projeto Lagoas do Norte e no momento passa por uma ampla reforma estrutural. Estão sendo construídas duas salas de dança adicionais, uma sala para ensaios, um café-bar, cabine de som e luz, camarins com banheiros privativos, locais adequados para as oficinas artísticas e um palco externo com cobertura. Além destas melhorias, haverá também a revitalização da bilheteria, dos assentos da platéia, da sala de professores, da biblioteca, da quadra de esportes e das áreas dedicadas à administração.

A obra, que já se estende por  cerca de um ano, está orçada no valor de R$ 1, 25 milhões, provenientes de recursos de um convênio entre a Prefeitura de Teresina e o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD).

"Atualmente nós estamos improvisando um pouco para continuar mantendo o maior número de atividades possíveis durante esse processo de revitalização. Após a reforma nós pretendemos voltar à tona com todas as atividades que já eram realizadas anteriormente e nossa perspectiva é de abranger mais de 1500 alunos”, acrescenta Pedro Alcântara.

Sem provocar alterações profundas na estrutura histórica e tombada do prédio, o projeto promete atender a todas as necessidades do teatro, que nos últimos anos vinha utilizando espaços improvisados para a realização de oficinas e outros trabalhos.

A arte e cultura aliadas a uma estrutura digna e adequada prometem proporcionar muitos benefícios ao teatro e garantir um espaço mais confortável e adequado para o desenvolvimento das atividades. Cultura e arte estas, que segundo o veterano Pedro Alcântara é de uma importância sem igual. “Tudo que tem relação com a cultura é bem-vindo. Capoeira, dança, percussão, Bumba-meu-boi, música, tudo é muito saudável para todos e deve fazer parte da vida de toda a população”, conclui.

 

Fonte: Da Redação - José Afonso Júnior