PIAUÍ
Mesa-redonda relembra história da piauiense Esperança Garcia
Com o tema “Esperança Garcia: resistência de ontem, luta de hoje”, a Universidade Estadual do Piauí promoveu mesa-redonda na manhã desta terça-feira (6), no auditório do Palácio Pirajá, para relembrar a história da piauiense que lutou contra os maus tratos a negros escravizados no Estado. Em alusão ao Dia Estadual da Consciência Negra, celebrado no dia 6 de setembro, o evento foi organizado pela Pró-reitoria de Extensão, Assuntos Estudantis e Comunitários (Prex) e Núcleo de Estudos e Pesquisas Afro (Nepa), em parceria com o Instituto da Mulher Negra no Piauí – Ayabá.
A programação na Uespi iniciou às 8h com um café da manhã. Na ocasião, também foi inaugurada a nova sala do Nepa. Diversos membros da administração superior estiveram presentes. “A Uespi só consolida uma prática que há anos a gente vem fazendo, através do diálogo com a comunidade acadêmica, que é reconhecer a importância que teve a escrita da carta da Esperança Garcia, mulher negra, escrava e mãe”, disse a vice-reitora da Uespi, Bárbara Melo.
Esperança Garcia, escrava natural de Nazaré do Piauí, escreveu uma carta, datada de 6 de setembro de 1770, denunciando os maus tratos que sofria por parte do administrador da fazenda onde era escravizada. Por isso, a data alusiva à consciência negra no Piauí é 6 de setembro.
Para a mesa-redonda, foram convidadas Joelfa Viveiros, coordenadora do Centro de Referência para Mulheres Vítimas de Violência – Francisca Trindade; a coordenadora do Ayabás, Ana Patrícia Barros; a professora da Uespi e membra do Nepa, Assunção de Maria Sousa; e Sônia Terra, também membra do Ayabás, que conduziu o debate.
Sônia iniciou o momento falando da realidade da mulher negra que vemos hoje. “Os números gerais de feminicídio diminuíram, mas os de feminicídio de mulheres negras aumentaram, e as desigualdades sociais e raciais continuam”, afirmou Sônia. “É contra essas estatísticas que a gente luta. Esperança Garcia é uma referência de luta e hoje ela representa uma inspiração para o empoderamento da mulher negra”, disse Ana Patrícia.
O pró-reitor de Extensão, Assuntos Estudantis e Comunitários, Raimundo Dutra, destaca que o evento é uma forma de recontar a história da escrava piauiense, ainda pouco conhecida. “Ela também não é conhecida no próprio município onde nasceu. Nós precisamos realizar trabalhos dessa natureza para que a gente possa construir essa identidade de heroína e de símbolo de resistência e de luta”.
A Uespi também homenageia Esperança Garcia ao nomear, no dia 25 de março de 2015, uma das praças da IES com seu nome. Outras duas praças da Uespi ganharam nome de mulheres de destaque no Estado, como o da ex-deputada federal Francisca Trindade e da professora Rita de Cássia Lima, uma das fundadoras da IES.