PIAUÍ

Jovens de assentamentos reivindicam cursos de graduação pelo Pronera

 

Coordenador da Cojuv afirma que os cursos voltados para a agricultura familiar desenvolvem as comunidades que vivem assentadas (Foto:Ascom Cojuv)

Jovens oriundos de assentamentos dos municípios de Coivaras, Beneditinos, Altos e Pau d’Arco reuniram-se nesta quinta-feira (21) para receber orientações sobre como solicitar cursos de graduação pelo Programa Nacional de Educação para a Reforma Agrária (Pronera), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A audiência ocorreu no assentamento Omescra, no município de Pau d’Arco.

Jovens ouviram representantes de várias entidades ligadas ao movimento do campo( Foto: Ascom Cojuv)
O coordenador da Coordenadoria da Juventude do Estado do Piauí (Cojuv), Vicente Gomes, representou o governo do estado na reunião que contou também com a participação de Washington Leite de Oliveira, diretor da Federação da Agricultura Familiar; Antônio Chaves do Nascimento, diretor da Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar; Francisco Alves de Lima, presidente do assentamento Omescra e Aldo João, representando o Incra.

 

Os cursos do Pronera são exclusivamente voltados para assentados e funcionam em regime de alternância. Além disso, são orientados para a agricultura familiar, a Reforma Agrária e os saberes do campo.

O coordenador da Cojuv afirmou que essa forma de educação possibilita o desenvolvimento da própria comunidade, de modo a gerar renda para o local, valorizando as vivências das pessoas que moram nela. “Nossa participação enquanto Coordenadoria é ajudar na articulação para que conquistemos a ação do Pronera que consideramos importante que é a formação dessa turma específica para os jovens que vivem em assentamentos. Podemos perceber nessa reunião quanto é importante a formatação desse projeto que visa justamente desenvolver o jovem no sentido de que ele faça um curso, uma graduação numa área que ele se identifique e que ele possa transformar o local em que ele vive. Vemos essa necessidade e, em outras experiências, percebemos o quanto isso dá resultado”, disse o coordenador.

Boa parte dos jovens presentes à reunião tinham o Ensino Médio completo e ao mesmo tempo em que manifestaram o desejo de fazer um curso de graduação, relataram as dificuldades financeiras e de deslocamento para a cidade como o principal empecilho para dar continuidade aos estudos. O presidente do assentamento Omescra, Francisco Alves de Lima, articulou com os outros assentamentos da região do Entre Rios para que esses jovens estivessem presentes à reunião. “Esperamos demais esses cursos. O que conseguirmos aprovar será muito bem vindo às comunidades”, salientou Francisco.

Eduardo Arcângelo da Silva, um dos jovens assentados do município de Altos, se formou na Escola Agrícola do Soinho, na zona rural de Teresina. O curso, também no regime de alternância, possibilitou que ele recebesse conhecimentos que variam desde o manejo da horticultura à comercialização da produção. Ele explicou que sua família atualmente gerencia uma horta agricológica na comunidade Força Jovem junto com mais duas outras famílias. A horta produz cebolinha, cheiro verde, alface, pimentão e pimenta de cheiro. De acordo com ele, as três famílias vivem da horta. Seu desejo é poder fazer um curso de graduação na área de Agronomia voltada para a agricultura familiar e, posteriormente, fazer mestrado e doutorado na mesma área. “Termos um curso assim é muito importante para o jovem do Entre Rios porque é comum o pensamento do jovem daqui de achar que concluiu os estudos quando finaliza o Ensino Médio, mas na verdade isso é apenas um pontapé para começar um curso superior. E não apenas estudar para ser empregado, estudar para ser um empregador, investir na comunidade, gerar emprego e renda. Um estudo que seja voltado para o empreendedorismo da comunidade rural”, explicou Eduardo.

Pronera
O Programa Nacional de Educação para a Reforma Agrária (Pronera) é uma das ações do Incra voltada para educação no campo. Para ter acesso ao programa, a comunidade tem de ser obrigatoriamente um assentamento e precisa se mobilizar para firmar parceria com uma universidade que irá elaborar o projeto do curso com uma grade curricular que atenda às necessidades e aos anseios da comunidade. Posteriormente, o projeto será submetido ao Incra para aprovação. Depois de aprovado, o Pronera financia os alunos, custeando o deslocamento dos mesmos para as cidades onde ocorrem as aulas, sua estadia e o material didático.