Polícia
Jovem confundido com assaltante lembra “horror” da prisão e planeja ser professor
Preso por uma semana após ser confundido com um dos assaltantes a um comércio em Cocal, Willian da Silva Alves relembrou os momentos, que classifica como "horrorosos", desde quando foi detido por policiais até ser transferido para uma penitenciária, em Parnaíba.
“Foi bem ruim. Nunca tinha entrado numa delegacia, o que dirá numa penitenciária. Rasparam minha cabeça e me jogaram para dentro da triagem numa sala com 43 pessoas. Não conhecia ninguém. Foram dias horrorosos”, relembrou o jovem.
“Era ansiedade por cima de ansiedade. A gente não tem noção do que está acontecendo do lado de fora. Eu só ficava pensando na minha família, na minha mãe e pensando no que estava acontecendo”, completou o adolescente.
Depois de ter conseguido a liberdade, ainda que provisória, Willian da Silva agora pretende prosseguir com sua vida. Aprovado para o curso de Pedagogia na Universidade Estadual do Piauí (Uespi), o jovem segue o sonho de se tornar professor.
“A partir de agora vou iniciar minha faculdade, tentar crescer mais ainda e tentar continuar minha vida como de costume, que foi sempre trabalhando, batalhando pelas minhas coisas. Se Deus quiser, vou me formar em pedagogia, ser professor.
Os advogados de defesa de Willian da Silva buscam agora o reconhecimento da inocência do jovem, uma vez que as provas anexadas aos autos demonstram a não autoria do crime do qual ele ainda é apontado como suspeito.
“A partir de agora estamos trabalhando no processo de não indiciamento do Willian. Caso ele seja indiciado, vamos buscar a absolvição no processo, uma vez que existem provas robustas que o Willian é inocente”, afirmou o advogado Batista Filho.
O caso
Por volta das 12h do último dia 17 janeiro, um grupo de quatro pessoas em uma moto assaltou um pequeno comércio de Cocal. Horas depois, Willian foi encontrado em uma praça da cidade e preso em flagrante como um dos suspeitos de participação no crime.
O jovem chegou a ser reconhecido pela vítima como um dos assaltantes e teve a prisão em flagrante convertida em preventiva na audiência de custódia.
Na sexta-feira (20), familiares e amigos de Willian da Silva realizaram uma manifestação em Buriti dos Lopes em defesa da sua inocência. Na ocasião, a mãe do jovem, Maria José da Silva Alves, disse que o filho foi vítima de racismo ao ser confundido com assaltantes.
Após isso, os advogados de defesa solicitaram a liberdade provisória de Willian da Silva após apresentar documentos e um vídeo comprovando que o jovem não estava no local do assalto no momento da ocorrência e que, portanto, era inocente.
Apesar do representante do Ministério Pública se manifestar pela manutenção da prisão preventiva, o juiz Manfredo Braga Filho, da Vara Única da Comarca de Cocal, entendeu que as provas apresentadas pela defesa colocavam em dúvida a autoria do crime.
Fonte: Cidade Verde