Informalho: Jotta Rocha
Jotta Rocha. Jornalista e escritor, com ampla experiência nas redações de jornais, revistas e emissoras de rádios de Teresina e interior do Piauí e Maranhão
Sem cemitério, Teresina trabalha com "exportação de cadáveres..."
O teresinense há muito denuncia serviços de manutenção, estrutura e, até mesmo segurança nos chamados "Campos Santos"; autoridades cientes do agravante, principalmente nos últimos anos em que a violência vem em alta - pelos dados do Sindicato dos Policiais Civis/Sinpolpi, o número de homicídios na capital ultrapassa a margem de 150 por cento, pesquisa dos dois últimos anos - adicionando números de óbitos originários do trânsito a questão fica mais "negra" - e, os cemitérios de Teresina não têm mais espaço para receber novos sepultamentos. Já há casos em que uma só sepultara chega a ser reaberta por três vezes, e não há mais covas virgens (admistrativamente, é difícil pois até mão de obra especializada para abertura e fechamento de covas - coveiro - está em falta. Em toda Teresina (população estimada em quase 1 milhão de habitantes), são 15 cemitérios: 3 localizados na zona leste, 5 integram a zona norte, 3 situados na zona sul e ficando a zona sudeste com o número de 4 cemitérios.
Faltam 30 dias para o tradicional Dia de Finados - 02 de novembro, pouco trabalho por parte da prefeitura em apresentar estratégia de ação, até mesmo programação com roteiro de missas, limpeza, recuperação em setores deteriorados não se identifica, e quando se busca informações nas SDU's o palavriado é rotineiro: "Nós precisamos de terrenos (espaços) que atendam as normas ambientais. Depois que encontrarmos a área é que poderemos dimensionar quantas novas sepulturas estarão disponíveis".
No Cemitério Santa Cruz, localizado no bairro Promorar, zona Sul, o número de pessoas sepultadas já ultrapassa 19 mil. No Cemitério Dom Bosco, localizado no bairro Vermelha, um dos mais antigos da cidade, há sepulturas que datam do ano de 1934. Ainda na zona Sul, o Cemitério Areias, localizado no bairro Areias, está interditado desde 2004, e desde essa época não são realizados novos sepultamentos. A interdição do local foi pedida pelo Ministério Público diante do risco de contaminação da água do rio que passa próximo.
Na zona Leste da capital, a situação não é tão diferente. Dos três cemitérios públicos existentes, dois eram clandestinos. No entanto, estes cemitérios passaram a ser administrados pela prefeitura com a principal intenção de barrar a ocupação desordenada destas áreas. Um deles está localizado no bairro Morros, que está superlotado. O cemitério São Judas Tadeu, possui mais de seis mil sepulturas.
O único cemitério sob a administração da Prefeitura na zona Sudeste da cidade é o do bairro Renascença que, segundo informações da própria municipalidade, já está lotado e os sepultamentos só são possíveis após a reabertura dos jazigos.
De acordo com a SDU-Sul, a Prefeitura já autorizou a compra de um terreno para a construção de um novo cemitério na zona Sul.
Para obter a Certidão de Perpetuidade de uma sepultura onde se encontra enterrado algum parente, a pessoa deve procurar requerimento junto a SDU deixando claro qual o grau de parentesco com o falecido. No requerimento deve ser anexada fotocópia do documento que comprove o parentesco, fotocópia da Certidão de Óbito e comprovante de residência e a declaração do administrador do cemitério, comprovando o sepultamento e identificando a sepultura. A família tem um prazo para adquirir a sepultura, contada da data do sepultamento (adulto - 5 anos; criança- 3 anos). A família enlutada, com a falta de ação social do município, vê-se obrigada a apelar para zona rural e/ou cidades vizinhas, no "trajeto" de exportar restos mortais de Ente-Queridos.