Edgar Rocha
Bacharel em Comunicação Social (Jornalismo)_UFPI e graduado em Letras pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Pós-graduado em Comunicação e Linguagens (UFPI), com atuação na área de educação e no jornalismo impresso, on line, e no rádio. (86) 8836 6357 / 9966 9377
Piauí cresce no ranking nacional de doadores de órgãos
Dra Lurdes Veras_coordenadora da Central de Transplantes do HGV
foto: Edgar Rocha
Além de possuir uma medicina de referência no Nordeste e uma das melhores do País, o estado do Piauí deu um salto importante entre os estados que mais doam órgãos.
De acordo com a coordenadora da Central de Transplantes do Hospital Getúlio Vargas (HGV), a maior casa de saúde do Piauí, Dra. Lurdes Veras, o estado já ocupa o 12º lugar entre os que mais doam córneas para transplantes.
O Piauí também ocupa a 12ª posição entre os estados que mais doam rins no país, perdendo no Nordeste apenas para os estados do Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Segundo Lurdes Vera, é uma estatística louvável para o estado, dada à dificuldade de conscientização da população sobre a importância de se doar órgãos.
Segundo a médica, a família é a única soberana na hora de determinar a doação e permitir a captação dos órgãos de seus entes queridos logo após a morte, em um momento de dor. A médica disse que não adianta o pretendente colocar na carteira de identidade a intenção de ser doador, pois, após estar morto quem têm a palavra final são os membros da família.
Segundo Lurdes Vera, a campanha é nacional e permanente, através do Ministério da Saúde em parceria com as secretarias estaduais e municipais de Saúde, na conscientização das pessoas sobre a importância de doar órgão vitais.
Logo após a morte precoce do indivíduo, a captação dos órgãos tem que ser imediata, pois cada um deles tem um prazo de validade muito curto, segundo explicou a médica. A do coração, por exemplo, é de apenas quatro horas após ser extraído do corpo doador. Por isso a fila de espera por este órgão é pequena, devido à raridade de se encontrar um doador compatível.
Até o momento, segundo a médica, apenas 17 pessoas em todo o país fizeram um transplante de coração, tanto na rede pública como na privada de saúde. Perguntada por que as pessoas transplantadas geralmente morrem pouco tempo após o transplante, ela disse que é devido ao fato de não existir doador 100% compatível, exceto ser for gêmeo univitelino porque tem o mesmo DNA por virem de uma mesma célula. Isso é válido para qualquer tipo de transplante, segundo a médica.
A córnea tem vida útil de apenas 14 dias após retirada do corpo doador. Este órgão é preservado em um frasco contendo um gel especial com nutrientes que matem as células vivas. Lurdes Veras explicou que o transplante de córnea é mais criterioso do que vários outros órgãos do corpo humano, porque existe a compatibilidade com a idade. “Um idoso de 70 anos, por exemplo, não pode doar um córnea para um adolescente de 17 anos”, disse, explicando ainda que a córnea do idoso já perdeu células e propriedades vitais para a visão.
Os rins também são órgãos bastante sensíveis, segundo explicou a coordenadora da Central de Transplantes. A vida útil dos rins é de apenas 24 horas após serem retirados do corpo do doador. Esse órgão pode ser conservado no gelo.
Esses órgãos, conforme explicou a médica, serão de grande valia para diminuir as filas de espera em todo o pais, de pacientes que aguardam por uma córnea, um rim, um fígado ou mesmo um coração. Se não aproveitados em tempo hábil, eles simplesmente serão desperdiçados e comidos pela terra, daí a importância da conscientização da população.
Só no estado do Piauí, 400 pessoas esperam por uma córnea, outras 350 aguardam por um rim, e outras 30 pessos, em média, esperam por um transplante de fígado.