Sebastião Silva Neto-Piripiri/PI
Sebastião Silva Neto, é Jornalista - Registro DRT de Nº 0002001/PI, profissional da área da comunicação, assessoria e publicidade. Colaborador do Portal RG.com.br da cidade de Piripiri,e municípios vizinhos
O PlayStation 3 está definitivamente desbloqueado! Afirmam Hackers.
Está desbloqueado! Demorou, mas aconteceu. Após quatro anos desde seu lançamento, o PlayStation 3 finalmente teve seu sistema de segurança invadido por hackers. E agora que o último console seguro está aberto para a pirataria, qual será o futuro da plataforma da Sony?
Para Martin Walfisz, co-fundador da Massive Entertainment e especialista em segurança nos sistemas DRM (Digital Rights Management ou Gestão de Direitos Digitais), a resposta é simples: festa para os piratas. Em uma declaração para o site Games Industry, Walfisz lamentou que a falha de segurança do PS3 é tão grave que a Sony jamais conseguirá diferenciar os consoles modificados daqueles inalterados numa possível verificação de sistema pela PSN (PlayStation Network) e por isso a onda de pirataria no console será muito maior do que no PSP.
"Os usuários sequer precisam de um chip de modificação para jogar títulos pirateados. Não acredito que a Sony possa detectar quais os usuários que podem ou não ter acesso à PSN. As cópias piratas poderão ficar guardadas no próprio disco rígido, fazendo com que sejam tão fáceis de usar que a pirataria na PS3, com o tempo, poderá ultrapassar a dos portáteis", disse Walfisz. "A solução seria atualizar o hardware dos novos consoles que ainda chegarão ao mercado, mas esse seria um processo longo e caro, que não impediria que se executassem cópias piratas nos aparelhos que já estão no mercado."
Mas porque Walfizs acredita que o PlayStation 3 está tão desprotegido? E porque esse novo método de hackeamento parece ser tão efetivo? Estaria a Sony preparada para essa nova onda de pirataria que ameaça seu sistema mais seguro? Vamos a algumas respostas.
SAGA DOS PIRATEIROS
Foto:Reprodução Google
Tudo começou em meados de fevereiro de 2010, quando o hacker George Hotz (GeoHot) divulgou em seu site que conseguira hackear o sistema de segurança do PlayStation 3. Na verdade, tratava-se de uma espécie de semidesbloqueio que apenas servia para dar acesso a algumas funções do sistema, como instalar o sistema operacional Linux, por exemplo. Temendo pela segurança de seu console, a Sony então removeu em abril daquele ano a função Other OS, que era por onde o desbloqueio de GeoHot agia. O sistema do hacker ficou conhecido como PSJailbreak.
A função Other OS, na verdade, dava a qualquer usuário do PS3 apenas a possibilidade de utilizar outros sistemas operacionais no console. Mas a retirada desta função causou a ira de um grupo de hackers denominados Fail0verflow, que nada mais é do que a mesma turma que desbloqueou o Wii. Eles gostavam de usar o Linux no PS3 e viram sua diversão ser retirada do dia para a noite.
O grupo então começou a trabalhar e pesquisar uma forma de rodar qualquer programa no console. Após alguns meses de árduo "trabalho", os caras revelaram durante o evento Chaos Computer Club, ocorrido em dezembro último na Alemanha, que haviam conseguido quebrar as chaves de segurança secretas do PlayStation 3, dando a eles a possibilidade de rodar qualquer programa no aparelho.
O que se viu a partir daí foi uma série de boatos e medidas da Sony para tentar conter a pirataria no PS3. Processos contra os envolvidos no esquema de hackeamento, banimento da PSN, atualizações de firmwares, mandados de prisão e até a ameaça de transformar consoles modificados em pesos de papel (desabilitando completamente todas as funções do aparelho que estiver modificado). Porém, os hackers dão como certo de que a Sony não poderá fazer nada para deter a pirataria, pois não há meios desse método de hackeamento ser identificado. Além do mais, a primeira atualização já veio sem a possibilidade de entrar na PSN, o que torna praticamente impossível para a Sony fazer alguma coisa contra consoles modificados que se mantiverem offline.
A exemplo do que aconteceu com o PSP, o "mercado" de homebrew, de aplicativos caseiros, deverá se tornar muito popular. As vendas do console também devem crescer entre aqueles que apenas estavam esperando para o desbloqueio do sistema. Porém, a Sony fatalmente sofrerá prejuízos enormes nas vendas de softwares.
PALAVRA DE ESPECIALISTA
Diante da atual situação, a EGW procurou um especialista para comentar o problema. Leandro Machado, analista de sistemas conhecido pelo apelido Tio Solid, dono do site News Inside, acredita que a situação é irreversível. Formado em análise de sistemas e especialista em homebrew do mundo todo, ele acha que a pirataria agora vai fazer a festa.
EGW: O PlayStation 3 está definitivamente desbloqueado agora?
Leandro Machado: Sim. Os donos de PS3 possuem acesso completo ao sistema de arquivos do console, além de ter em mãos programas capazes de executar jogos copiados [back-ups] e homebrew, programas não oficiais criados pela comunidade, como emuladores, por exemplo.
George Hotz afirmou ter desbloqueado o sistema em fevereiro do ano passado. Qual a diferença agora?
A diferença é que daquela vez ele conseguiu uma forma de se ter acesso ao modo L1 [Hypervisor] do console. Todos os programas executados via XMB executam em modo L2 [GameOS] e não possuem acesso direto à memória e a outras funções privilegiadas. Considere o Hypervisor como um "cão de guarda" que protege o console contra acesso não autorizado à memória e a outros dados. Com o "exploit" do George Hotz, você tinha acesso a um Linux com privilégios de L1, podendo assim executar cópias completas de memória [dumps] e acessar arquivos do console, material que posteriormente poderia user usado para uma análise mais profunda das entranhas do PS3. Dessa vez, temos um "exploit" de L2, que dá acesso completo ao GameOS e tudo que é executado sob os privilégios dele, como jogos e o próprio XMB.
Como é tecnicamente possível fazer esse desbloqueio?
Basicamente, conectou-se ao PS3 um dispositivo [chamado dongle] programado especificamente para explorar uma falha no sistema de USB do console e ativar funcionalidades existentes apenas em consoles em modo debug, específicos para desenvolvedores.
Esse desbloqueio já está disponíveis no comércio ilegal?
Sim. Após a realização da engenharia reversa do primeiro aparelho a possuir o exploit, o PSJailBreak, diversos clones surgiram rapidamente no mercado mundial e consequentemente, também no brasileiro.
Os jogos piratas para PS3 eles já estão à disposição dos jogadores?
Sim, a maioria deles via download.
Desde que foi lançado, o PSP foi marcado pela pirataria incessante. Você acha que a Sony conseguirá conter a onda de produtos piratas que ameaçam invadir o PS3 para este ano?
Conterá do mesmo jeito que fez com o PSP: lançando s obrigatórios de firmware para os aparelhos, fazendo com que o usuário caia em uma sinuca de bico: ou atualiza o console para usar a PSN ou fica com o firmware mais antigo, quebrado pelos piratas.
O novo método não usa nenhum mod-chip e por isso a Sony não poderá identificar quais consoles estão modificados, o que deixaria qualquer um com acesso à PSN. Você acha que mesmo com atualizações a Sony poderá descobrir uma maneira de identificar ilegalidades no sistema?
Sem dúvida que sim. Ela já identifica desde o começo, porém, ainda não se sabe quais checagens exatas a Sony executa, já que nenhum console foi efetivamente banido da PSN até agora. A Microsoft já realiza checagens extremas há muito tempo no Xbox 360, sendo assim, nada impede a Sony de possuir na manga checagens do mesmo tipo para agir da mesma forma que sua rival.
Alguns analistas de segurança defendem que a Sony deveria lançar um hardware totalmente revisado, ainda que isso saísse muito caro para a empresa. Por outro lado, permitir que a pirataria role solta vai significar prejuízo também. Como especialista, qual sua sugestão para a Sony?
s de firmware obrigatórios sempre foram uma forma bem efetiva de combater a pirataria no PSP, já que milhares de desavisados costumam atualizar o aparelho às cegas, sem saber que dependem de condições específicas, que são perdidos com as atualizações, para rodar os piratas. O mesmo já está acontecendo com o PS3. Alguns novos consoles já estão vindo de fábrica com seus softwares atualizados, impedindo assim que o novo console possa ser desbloqueado diretamente. Isso não impede completamente o processo, que ainda pode ser realizado voltando o console de versão de firmware através de hacks específicos. Mas já o dificulta, ainda mais para os mais leigos que pretendem comprar o console apenas para essa finalidade.
COMO HACKEARAM O PS3
Foto:Reprodução Google
O segredo para abrir as portas do PlayStation 3 foi desativar a chave de criptografia privada do console. Funciona da seguinte maneira: o PS3 faz um cálculo usando números aleatórios para gerar a chave de segurança. Porém, o valor de base para os cálculos é sempre o mesmo, o que é uma falha grave da fabricante. Bastou aos hackers completarem a equação do sistema para descobrir o número da chave de segurança.
Em termos leigos, o que eles fizeram foi uma simples conta de matemática: bastou descobrir qual número fora usado em conjunto com o número-base dos cálculos para se chegar ao número da chave-mestra do sistema. Eles já tinham o número-base e o número da chave de segurança, o resto se mostrou muito simples para hackers experientes.
Com esta ferramenta desenvolvida, é possível rodar jogos piratas. Aproveitando-se da situação, GeoHot então divulgou ao público a rootkey do console (chave-raiz). Faça a equação agora: um grupo descobre como rodar qualquer coisa no PS3 e em seguida a chave-raiz chega ao conhecimento de todas as pessoas. O próximo passo logicamente era a pirataria começar a sua festinha. E foi o que aconteceu.
O programador com codinome KaKaRoTo desenvolveu em pouco tempo a primeira modificação genuína do console, a 3.55, que permite instalar homebrews (aplicativos caseiros), tudo com o aval do sistema do console, que pensa que tudo está sendo autorizado como qualquer outro produto original.
PS3 PODE VIRAR PSP
Martisz Walfisz, co-fundador da MassiveO americano Martin Walfisz, co-fundador da Massive Entertainment e especialista em segurança nos sistemas DRM, acredita que o PS3 deverá sofrer uma onda de pirataria semelhante ou até pior do que foi vista no PSP. Estimativas sugerem que hoje existem mais de 50 milhões de PSPs em todo o mundo rodando softwares piratas.
Apesar da absoluta falta de tempo em sua agenda, Wlafisz atendeu gentilmente a EGW para responder à pergunta que atormenta quem defende a jogatina legal: Será que o PS3 vai mesmo sofrer tanta pirataria quanto o portátil?
"Considerando que o hackeamento funciona da maneira como os hackers afirmam, os usuários poderão rodar jogos piratas sem precisar instalar nenhum mod-chip previamente", lamentou o especialista. "Isso torna muito fácil para qualquer usuário entrar na onda pirata do PS3. Some a isso o fato de que o PS3 pode possuir um HD muito grande de até 320 GB, que permitiria em tese instalar mais de 50 jogos nele. É uma oferta tentadora para um público acostumado a comprar 4 ou 5 jogos em um ano."
A conequência disso é bem óbvia: aumento de cópias ilegais de jogos para PS3. "Com esta simplicidade para piratear, similar ao do PSP, e mais o fato de que os jogos de PS3 são consideravelmente mais caros que os do portátil, é inevitável que a pirataria no PS3 seja disseminada em pouco tempo", alerta ele.
A solução, obviamente, passa por uma ação rápida e efetiva da própria Sony. "Tudo vai depender de os usuários não precisarem de um mod-chip em seu hardware, o que é uma grande barreira para a disseminação da pirataria. Além disso, a Sony precisa ser hábil para detectar modificações através da PSN, para saber se o usuário está usando um console modificado ou não", completa Walfisz.
TRIPINHA DO FINAL
A EGW procurou George Hotz para falar sobre o hackeamento do PS3. Ele se dispôs a falar com a nossa equipe, porém, teve seus computadores confiscados pela polícia durante a batalha com a Sony e foi aconselhado pelo seu advogado a não atender à imprensa por enquanto.
Fonte:R7 gameworld