Dr. Valrian Feitosa

Edgar Rocha
Bacharel em Comunicação Social (Jornalismo)_UFPI e graduado em Letras pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Pós-graduado em Comunicação e Linguagens (UFPI), com atuação na área de educação e no jornalismo impresso, on line, e no rádio. (86) 8836 6357 / 9966 9377

MORDAÇA: Mais um jornalista é executado covardemente no MA

foto: reprodução

Na última semana de abril de 2012, mais precisamente na noite da última segunda-feira 23 de abril, o estado do Maranhão e o Brasil assistiram a mais um atendado gravíssimo à liberdade de imprensa. Foi assassinado de forma brutal e covarde o jornalista e blogueiro, Décio Sá.
A vítima foi abordada em um bar turístico em uma praia da orla na Avenida Litorânea em São Luís (MA), quando o assassino o surpreendeu sem lhe dar chance de defesa. Segundo testemunhas, o criminoso chegou em uma moto acompanhado de outro indivíduo, ambos ainda não identificados, que o aguardou do outro lado da avenida. O bar estava cheio de turistas e o criminoso teria ido próximo à mesa onde estaria o jornalista para se certificar de que era realmente quem ele procurava.
Segundo as informações preliminares da policia, o pistoleiro ainda foi ao banheiro como se para disfarçar e, ao sair, deu seis tiros na vítima pelas costas sendo quatro na cabeça e dois nas costas. Em meio ao pânico dos turistas, o criminoso evadiu-se do local, mas deixou para trás munições que levou os policiais a concluírem que se tratava de uma pistola ponto 40, de uso exclusiva da polícia.

foto: reprodução imirante.com

Pelo modo de operar do pistoleiro, a polícia conclui que se trata de um crime por encomenda uma vez que o jornalista deve ter tocado em assuntos sensíveis que contrariaram interesses de alguém, como disse em entrevista o delegado que cuida do caso e o próprio secretário de segurança do estado. Para os investigadores, a munição e o tipo de arma são grandes pistas para se chegar ao assassino. A notícia do assassinato brutal de Décio Sá teve repercussão nos principais jornais, telejornais e internet do país e do mundo.
O jornalista deixou esposa e uma filha de oito anos e o crime comoveu todo o Maranhão, pois Décio Sá tinha um dos blogs mais acessados do estado, entre 16 e 20 mil acessos por dia, pela natureza das informações que veiculava em seu blog. Quem o conhecia, sabia da dedicação dele e o compromisso de manter seus seguidores bem informados.
Décio trabalhava em um jornal local, cobria a Assembleia Legislativa do estado, escrevia não só sobre política, mas era especialista em matérias investigativas denunciando corruptos, criminosos de toda natureza e o coronelismo que ainda impera no Maranhão.
A própria polícia acredita que algumas das respostas para o crime tão brutal esteja no blog da vítima conhecido como “blog do Décio”. A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB) repudiou a forma covarde como foi morto o jornalista, assim como o pai dela, o presidente do Senado José Sarney. Secretaria de Segurança maranhense montou uma força tarefa para investigar o crime, mas até o final desta matéria a polícia ainda não tinha pistas do pistoleiro. O governo maranhense pediu prioridade nas investigações para descobrir assassino e mandante e está sendo oferecida uma recompensa de R$ 100 mil reais para quem tiver pistas que leve ao executor do crime. Para as informações, a polícia disponibiliza o disk-denúncia cujos telefones são: 3322 58800 para que mora na capital São Luís, ou 0300 313 5800 para quem reside no interior do estado.

Confira abaixo algumas das matérias polêmicas postadas antes de sua morte

CASO FERNANDA LAGES

Não encontramos nos arquivos do blog os últimos posts sobre acusações do suposto envolvimento de deputados marenhenses com prostitutas de luxos no Piauí. O jornalista teria feito pelo menos três posts sobre o assunto. Esta é um uma das denúncias mais polêmicas porque envolve a morte da estudante de direito Fernanda Lages cuja investigação está sob o camando da Polícia Federal após ter sido investigado pela polícia civil piauiense.

O caso teve repercussão nacioanal pelo requinte de crueldade e porque supostamente evolve pessoas influentes no Estado.

Fernanda Lages foi encontrada morta no dia 25 de agosto de 2011 e até hoje,  a polícai ainda trabalha para encontrar os autores do crime. Segundo a perícia, ela foi jogada da cobertura de uma obra em construção do TRT no Piauí, zona Leste de Teresina. A Polícia Civil se declarou incompetente para investigar o caso após 90 dias de investigação e casou um desentendimento com o  Ministério Público.

Segundo o portal180 graus, o secretário de Segurança Pública do Maranhão, Aluísio Mendes, falou por telefone, e confirmou que o assassinato do jornalista Décio Sá, na madrugada desta terça-feira (24/04), em São Luís (MA), pode ter algum tipo de ligação com o Caso Fernanda Lages.

Por coincidência o Brasil havia apresentado no último sábado (21 de abril), na reunião da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), um relatório atestando que, dos últimos assassinatos de jornalistas nos últimos seis meses, pelo menos três deles tinham relação direta com a profissão.
Segundo o documento, este dado "não corrobora" a informação do Itamaraty de que a grande maioria dos casos de homicídios de jornalistas não tem ligação com a atividade.
Segundo matéria veiculada no jornal O Estado de São Paulo, versão on-line, a informações do Ministério das Relações Exteriores foi feita em resposta a uma consulta da Associação Nacional de Jornais (ANJ) sobre as razões que levaram o Brasil a votar contra a aprovação imediata da resolução da Unesco que garante mais segurança a profissionais de imprensa do mundo todo.
Segundo a matéria do Estadão, o Itamaraty informou que não é contra o plano, mas se opôs à aprovação do texto sem que houvesse contribuições dos países. Cuba, Venezuela, Índia e Paquistão também não assinaram a resolução. O informe brasileiro citou ainda 27 casos de crimes contra a imprensa, como agressões, ameaças e vandalismo.


Confira o arremate da matéria do Estadão


“Judiciário e imprensa"


"As reiteradas censuras judiciais foram outro ponto de destaque do relatório apresentado pelo representante do Brasil no encontro de Cádiz, Paulo de Tarso Nogueira, consultor do jornal O Estado de S.Paulo. "É crescente a ampliação do poder discricionário dos magistrados, especialmente os de primeiro grau, no julgamento de ações de antecipação de tutela, reparação de dano moral e do exercício do direito de resposta", afirmou Nogueira, integrante da Comissão de Liberdade de Imprensa e Expressão da SIP.
Ele destacou que a morosidade da Justiça não apenas contribui para a impunidade nos casos de ataques à imprensa como prolonga a censura, por causa da demora no julgamento dos recursos.
Em relação ao Judiciário, o relatório brasileiro citou a reação do presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Ivan Sartori, à série de reportagens sobre os altos salários de magistrados. Sartori ameaçou jornalistas de processo. Outro fato destacado foi a declaração do presidente do Tribunal Regional Federal da 3ª Região em favor do "habeas mídia", a fim de "impor limites ao poder de uma certa imprensa".
O informe apontou como ponto positivo a sanção, pela presidente Dilma Rousseff, da lei de acesso a informações públicas, que começa a vigorar em maio. Entre os negativos, citou a aprovação na Comissão de Constituição e Justiça do Senado da regulamentação do direito de resposta, que abre a possibilidade de ser concedido liminarmente em decisão de primeira instância.
A Reunião de Meio de Ano da SIP reúne 250 profissionais de 25 países. A leitura dos relatórios de cada delegação continua na tarde deste sábado. O encontro, que teve início na sexta-feira (20) e vai até segunda-feira (23), faz menção especial aos 200 anos da Constituição espanhola, que inovou com a garantia da liberdade de expressão."