Dr. Valrian Feitosa

Informalho: Jotta Rocha
Jotta Rocha. Jornalista e escritor, com ampla experiência nas redações de jornais, revistas e emissoras de rádios de Teresina e interior do Piauí e Maranhão

Deficientes enfrentam falta de sensibilidade pública

 Você já tentou andar pelas ruas de olhos fechados? Então pare, e por apenas um minuto, se coloque no lugar de um deficiente visual e tente imaginar a dificuldade embutida em atividades simples como ir de um local a outro. Passar por vias movimentadíssimas como a Frei Serafim (centro) e/ou Barão de Gurgueia (sul); acompanhamos várias reivindicações de deficientes visuais - Paulilio Daniel, irmão Geovani, Francisco Costa, Paulo Brito entre outros, apelando ao Strans pela implantação e funcionamento de sinais sonoros em pontos estratégicos, como nas imediações da Associação dos Cegos-Acep, bairro São Pedro, onde o trânsito na Barão de Gurgueia é complicado para os de boa visão, imagine para deficientes visuais: “Vocês têm que ver a quantidade de alunos deficientes tentando atravessar a rua, esperando a boa vontade das pessoas - próximo da própria entidade beneficente-Acep”.  - pontos na Frei Serafim, também são indicados mas, a Superintendência Municipal de Trânsito não dá "ouvidos" e faz-se de "cega" na escuridão da solidariedade humana - pra não dizer política/administrativa.

Deficientes fazem malabarismo em atravessar rua

A superintendente Alzenir Porto, é conhecedora profunda da realidade e no perigo da falta de assistência a esses necessitados, pois como ex-moradora do conjunto Parque Piauí (Av. Juarez Távora) fez e faz constantementes percursos nessas áreas, sabe o que isso significa. O que falta: estrutura, contenção de despesas e/ou falta de política básica voltada para comunidades em risco? Não detectamos - durante a produção desse material buscamos contato com Strans, sem sucesso. Uma menor, a chamarei de Kátia Maria, jovem de 15 anos, acometida ainda na adolescência por uma retinose, doença que causa a perda gradativa da visão, é obrigada a enfrentar sérios obstáculos todos os dias a se locomover aos estudos, casa de parente, enfim, sem espaço para caminhar com segurança: calçadas lotadas de veículos (carros, motos), mesas de bares sob calçadas (ou sem acessibilidade), prejudicam o livre acesso, além de ter que salvar-se dos constantes "choques" com os tradicionais Orelhões - o normal não tem segurança de andar nas calçadas, muito menos deficiente. Porém, o que a simpatica Kátia Maria considera mais complicado, é driblar o trânsito e percorrer as movimentadas ruas e avenidas da Cidade Verde. “Às vezes perco cerca de 20 minutos tentando atravessar e só consigo quando as pessoas se comovem e se aproximam para ajudar”.

Agespisa e tercerizadas esburacando ruas da cidade


A situação de Kátia e de outros deficientes visuais não seria tão complicada se boa parte dos semáforos instalados na capital, funcionassem com sonorização de alerta. Neste universo, as Constituições Federal e Estadual e, Código de Postura do Município não são respeitados e, as  ilegalidades à vista das autoridades públicas que não adotam providências - não cuidam dos direitos dos deficientes de Teresina...
Para o presidente da Associação dos Cegos do Estado do Piauí, radialista Francisco Costa, falta consciência dos órgãos públicos para que os deficientes sejam tratados de maneira igualitária. Ele relata que o direito à acessibilidade não serve apenas para as vítimas de algum tipo de deficiência, mas para toda sociedade que tem o direito de trafegar com segurança. Aqui no bairro São Pedro, estão fazendo serviço de saneamento mas, deixam as ruas cheias de buracos, bueiros e, o deficiente é o mais prejudicado, cai em buraco a cada dez passos que caminha" diz o diretor.