Oscar D'Ambrosio
Doutor em Educação, Arte e História da Cultura e Mestre em Artes Visuais, atua na Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp.
Davi com a cabeça de Golias, de Caravaggio
Michelangelo Merisi (1571-1610) nasceu em Milão, mas, ainda menino, devido a uma peste, mudou-se com a família para Caravaggio, cidade da qual adotou o nome. Teve uma existência breve, porém bem agitada, marcada por controvérsias e acontecimentos que muitas vezes deixaram em segundo plano a sua habilidade enquanto artista.
A partir do quadro 'Davi com cabeça de Golias', pintado entre 1606 e 1610, é possível chegar a algumas reflexões. O artista desenvolveu uma técnica de fundos escuros, negros e infinitos, iluminando detalhes. O chamado tenebrismo, pelo uso da luz como recurso plástico, levou Caravaggio a ser um pioneiro do escorço.
Isso significa a criação da ilusão de que as imagens aparentemente saem da tela. É instituída assim uma conversa estética entre o naturalismo -a pintura do corpo humano e de rostos fiéis aos modelos - e o idealismo renascentista, que tendia a representar os santos de maneira longe do real, como seres sagrados e distantes.
A observação de pessoas do povo, a sua utilização como modelos e a colocação delas em figuras religiosas guia uma estética orientada pela necessidade de ver o modelo real daquilo que estava sendo pintado e também por uma certa irresponsabilidade. Cristaliza-se assim a pintura de um espírito genioso indomável, criador de obras inesquecíveis da arte ocidental.
Oscar D'Ambrosio, Doutor em Educação, Arte e História da Cultura e Mestre em Artes Visuais, atua na Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp.