Edgar Rocha
Bacharel em Comunicação Social (Jornalismo)_UFPI e graduado em Letras pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Pós-graduado em Comunicação e Linguagens (UFPI), com atuação na área de educação e no jornalismo impresso, on line, e no rádio. (86) 8836 6357 / 9966 9377
Com o dobro da capacidade, presídio de Timon não recebe mais presos de distritos, também lotados
O município de Timon, no Maranhão, está beirando o caos vivido pela maioria dos municípios maranhenses com a superlotação no sistema carcerário. O governo maranhense gasta quase R$ 1 milhão para manter presos somente da penitenciária Jorge Vieira, em Timon, que está com o dobro de sua capacidade. A população do presídio é toda do município de Timon, segundo informação da administração, e tem uma fila de espera nos distritos pliciais, que também estão lotados, esperando desocupar uma vaga no presídio.
Governo gasta R$ 2.700 para manter um preso e apenas R$ 900,00, um estudante do ensino médio
Segundo a Polícia Civil, o governo maranhense gasta por mês R$ 2.700 para manter um detento, mas, segundo dados da secretaria estadual de educação maranhense, o gasto para manter um estudante do ensino médio da rede estadual de ensino custa apenas R$ 900,00 por mês. Os custos com os presos no presídio levam em conta gastos com alimentação, material de limpeza e higiene, água e energia elétrica, material de expediente, tratamento médico e odontológico, segurança e pessoal de apoio como cozinheiras, zeladores, nutricionistas, dentre outras despesas.
É gasto quase R$ 1 milhão só na Jorge Vieira em Timon
Se multiplicarmos R$ 2.700 (custo para manter um presidiário por mês) por 318 detentos, obtém-se um total de R$ 858.600,00 por mês, somente para manter a penitenciária Jorge Vieira, em Timon.
Para uma noção mais ampla, o presídio de ‘Pedrinhas’ em São Luís, o maior do estado, está com uma população carcerária que gira em torno de 2.500 detentos, segundo informações da secretaria de justiça do estado. Por Lá, segundo os noticiários, o caos já tomou conta com rebeliões constantes, mortes de detentos pelos colegas e afastamento de gestores. Por aqui as coisas não chegaram a este ponto ainda.
Timon, a segunda maior população carcerária do estado
O delegado regional da Polícia Civil, em Timon, Antônio Valente, disse que Timon possui a maior população carcerária do interior do Maranhão.
Criada inicialmente para ajudar a desafogar a penitenciária de ‘Pedrinhas’, em São Luís, com a transferência de presos de Timon e região, encarcerados naquela instituição penitenciária, a Jorge Vieira está superlotada com 318 detentos para uma capacidade de apenas 168. A lotação é composta tanto por detentos definitivos como provisórios, segundo a administração.
O pior, segundo a administração penitenciária daquela unidade, é que existe uma lista de espera de presos provisórios nos três distritos policiais timonenses esperando por uma vaga neste presídio.
Delegacias estão lotadas em Timon
Segundo informações da polícia Civil, cada uma das três delegacias da cidade possui apenas uma cela para abrigar cinco presos provisórios cada uma. Porém, segundo a polícia, elas também já estão lotadas por conta da grande demanda de criminosos que são presos semanalmente por delitos que variam de tráfico de drogas, assaltos e até homicídios e latrocínios.
O governo gasta mais com repressão do que com prevenção e ressocialização de presos no estado do Maranhão, segundo dados da própria secretaria de segurança maranhense. Não se sabe se faltam políticas públicas neste setor, se faltam projetos ou se falta vontade política por parte de gestores e parlamentares na confecção de leis neste setor.
Crack contribui para o crescimento da violência e lotação do presídio
Segundo a Polícia Civil, um dos fatores que contribuíram para o crescimento da violência em Timon, nos últimos anos, foi a popularização do consumo do crack, por conta do tráfico de drogas na cidade.
O delegado Antônio Valente disse que nunca se havia prendido tantos traficantes e apreendidos drogas em Timon, como no ano passado. “Mas à medida que se vai prendendo uns vão surgindo outros na mesma proporção para substituí-los.
Timon tem cerca de 100 bocas de fumo em funcionamento e outras 45 foram desarticulada pela polícia
A cidade de Timon, segundo o delegado, possui cerca de 100 ‘bocas defumo’ atualmente sem considerar que no ano passado outras 45 foram desarticuladas.
Uma operação da polícia civil em conjunto com a polícia Militar, em agosto de 2010, desarticulou 45 ‘bocas de fumo’ e prendeu 21 acusados de tráfico em Timon. Com os criminosos, os policiais apreenderam mais de R$ 20 mil e 3 kg de ‘crack’, que renderia aos traficantes cerca R$ 900 mil, segundo a polícia. Com os traficantes também foram apreendidos 11 veículos entre motos e automóveis, segundo o delegado Antônio Valente.
Outra grande operação está sendo preparada para esta semana, antes do Zé Pereira, para o município de Timon, segundo o delegado regional.
Dados da 18ª Delegacia Regional da Polícia Civil, em Timon, dão conta de que no ano passado foram concluídos e enviados à Justiça, 703 inquéritos policiais em cinco delegacias (incluindo os municípios de Timon, Matões e Parnarama) e mais quatro delegacias especializadas. Em 2010, foram realizados 139 boletins de ato infracional, 15 atos de apreensão, 281 prisões em flagrantes e cumpridos 223 mandados de prisão expedidos pela Justiça.
No começo de janeiro até o momento já foram sete homicídios registrados em Timon, um valor altíssimo para um município com as dimensões de Timon, segundo o delegado titular da Delegacia de Homicídios de Timon, Ricardo Freire.
Roteiro do tráfico de crack em Timon
Para o delegado, é muito difícil por fim ao tráfico de drogas em Timon porque à medida que um grupo vai sendo preso, outros líderes vão substituindo os anteriores. “ Isso sem levar em conta que maioria deles são postos em liberdade novamente e voltam a traficar”, contou.
O crack chega ao município pelos mais diversos roteiros, segundo o delegado Antônio Valente. “Ela vem de carro ou ônibus clandestinos ou até mesmo de táxi. Ao chegarem em Teresina, por exemplo, ela é atravessada pelo rio Parnaíba, através de pequenas embarcações”, contou. Ele disse ainda que Parnarama, no Maranhão, é outro roteiro das drogas em direção a Timon e a origem do crack, geralmente, é do estado do Pará. Elas também vem de países fronteiriços como as Guinas e o Suriname, no extremo Norte do país.