Oscar D'Ambrosio
Doutor em Educação, Arte e História da Cultura e Mestre em Artes Visuais, atua na Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp.
Cinco qualidades do intérprete de símbolos
O poeta português Fernando Pessoa, na “Nota Preliminar” de seu célebre livro 'Mensagem', aponta que “o entendimento dos símbolos e dos rituais (simbólicos) exige do intérprete que possua cinco qualidades ou condições, sem as quais os símbolos serão para ele mortos, e ele um morto para eles.”
A primeira qualidade que Pessoa aponta é a simpatia. Ele a considera a mais simples e consiste no observador “sentir simpatia pelo símbolo que se propõe interpretar”. A segunda é a intuição, que define como “aquela espécie de entendimento com que se sente o que está além do símbolo, sem que se veja”.
A terceira é a inteligência. Ela “analisa, decompõe, reconstrói noutro nível o símbolo”. Cria-se aqui um desafio maior, pois esta habilidade decorre das duas primeiras. Compreensão é a quarta qualidade considerada por Pessoa. É definida como “o conhecimento de outras matérias, que permitam que o símbolo seja iluminado por várias luzes, relacionado com vários outros símbolos, pois que, no fundo, é tudo o mesmo”.
A quinta qualidade pessoana é, segundo ele mesmo, “a menos definível”. Chama-a de “graça”, “mão do Superior Incógnito” ou “Conhecimento e a Conversação do Santo Anjo da Guarda”. Não a explica, mas se faz entender. É aquele algo a mais que exige as qualidades anteriores, separando o artista, autêntico criador, do mero reprodutor de conceitos.
Oscar D'Ambrosio, Doutor em Educação, Arte e História da Cultura e Mestre em Artes Visuais, atua na Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp.