Informalho: Jotta Rocha
Jotta Rocha. Jornalista e escritor, com ampla experiência nas redações de jornais, revistas e emissoras de rádios de Teresina e interior do Piauí e Maranhão
Brasil, chega novo Horário de Verão
O objetivo do horário de verão é a economia do consumo de energia por meio do melhor aproveitamento da luz natural do dia. Assim, a prática reduz a demanda em períodos considerados como “horários de ponta” (das 18 às 21h), onde o consumo é bem maior. No Brasil, o horário de verão foi instituído pela primeira vez no verão de 1931/1932. Em 1985, depois de 18 anos sem sua instituição, a prática de adiantar os relógios em uma hora foi novamente adotada em razão da queda do nível de água nos reservatórios das hidrelétricas. Após esse período, o horário de verão passou a ocorrer em todos os anos.
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ESTABELECIDOS POR DECRETO desde 1931 (pelo então presidente Getúlio Vargas), ainda que de forma descontínua, suas origens na verdade remontam à Inglaterra do ano de 1907.
Foi lá que um construtor londrino, membro da Sociedade Astronômica Real, chamado William Willett (1856-1915) deu início a uma campanha para diminuir o consumo de luz artificial ao mesmo tempo que estimulava o lazer dos britânicos.
Num panfleto de 1907 intitulado "Waste of Daylight" (Desperdício de Luz Diurna) Willett propôs avançar os relógios em 20 minutos nos domingos do mês de abril e retardá-los a mesma quantidade nos domingos de setembro.
As polêmicas surgiram ali mesmo. Especialmente entre os fazendeiros, que têm que acordar com o Sol não importa que horas marquem os relógios. Willett não viveu o suficiente para ver sua idéia colocada em prática. O primeiro pais a adotar o horário de verão acabou sendo a Alemanha, em 1916, seguido pela Inglaterra.
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Os Estados Unidos o adotaram em 1918 junto com seu sistema de fusos horários. Foi difícil, mas os americanos acabaram se acostumando. Hoje eles sabem as datas de começo e término com anos de antecedência.
O PRINCÍPIO DO HORÁRIO DE VERÃO continua o mesmo: adaptar nossas atividades diárias à luz do Sol. Nos meses de verão o Sol nasce antes que boa parte da população tenha iniciado seu ciclo de trabalho. Assim, se os relógios forem adiantados durante esse período, a luz do dia será melhor aproveitada e as pessoas passarão a consumir energia em melhor acordo com a luz solar.
Hoje, aproximadamente 30 países utilizam o horário de verão em pelo menos parte de seu território. E muito embora o nome faça referência a uma estação do ano, as datas de início e fim do horário de verão não são definidas por critérios astronômicos.
Boa parte das porções continentais do planeta está no hemisfério norte. Ali o inverno costuma ser rigoroso e o Sol se põe bem cedo, levantando-se timidamente durante o dia. No verão ocorre o contrário: é comum ainda haver claridade por volta das 20 ou até 22 horas. É por isso que nesses lugares o horário de verão faz muita diferença.
O HORÁRIO DE VERÃO é um recurso adotado tanto por paises do hemisfério Norte
(de março a outubro) quanto do Hemisfério Sul (outubro a março). No Brasil, os
relógios são adiantados em 1 hora, mas isso pode variar de acordo com o país.
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NOS PAÍSES EQUATORIAIS (cortados pela linha do equador) e nos tropicais (situados entre o Trópico de Câncer e o Trópico de Capricórnio), a incidência da luz solar é mais uniforme durante todo o ano e dessa forma não há muita vantagem na adoção do horário de verão.
No caso do Brasil – atualmente o único país equatorial do mundo que adota o horário de verão – a economia de energia elétrica não é considerada o fator predominante. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a motivação de se estabelecer esse dispositivo no Brasil é pela segurança do sistema.
Durante os meses do verão ocorre um aumento na demanda de energia, o que é particularmente percebido por volta das 18h, quando as pessoas retornam para seus lares e ligam luzes, chuveiros, condicionadores de ar, fornos, etc. Esse também é o horário em que a iluminação pública é acionada. O aumento brusco da demanda pode ter impacto negativo na estabilidade do sistema elétrico.
Ao se adotar o horário de verão brasileiro ocorre um deslocamento na entrada da iluminação pública (devido à iluminação natural, ainda presente), que passa a não mais coincidir com a chegada das pessoas em casa após o trabalho. Por causa de fatores como este o aumento da demanda se dá de forma mais gradual, o que melhora a segurança do sistema, segundo o ONS.
UMA LEI SANCIONADA EM 2008 alterou o número de fusos horários brasileiros de quatro para três. Com a mudança, todo o estado do Pará ficou com a mesma hora do Distrito Federal, assim como todos os municípios do Amazonas e do Acre passaram a ficar somente uma hora atrás do fuso de Brasília.
Acima, a imagem alterna entre os fusos brasileiros com e sem horário de verão na nova Lei.
Fonte: Divisão Serviço da Hora - DSHO
Verifica-se uma economia de energia nos Estados da região Sul (até 5% de redução da demanda integrada durante o consumo de pico), porque essas localidades estão inteiramente ao sul do Trópico de Capricórnio.
Porém, nos Estados da região Nordeste e, principalmente, da região Norte, a variação de luz solar anual é insignificante – o que não justifica a adoção do horário de verão nem mesmo para melhorar a segurança do sistema.
Enquanto está em vigor (nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil) o único impacto no Norte e Nordeste do país é na programação das emissoras de televisão, que seguem o horário em vigor no Rio de Janeiro e São Paulo.
Isso sem mencionar o fato de que, como as estações são opostas em cada hemisfério da Terra, nos quase 10% de terras brasileiras ao norte do equador, em vez de verão, rigorosamente falando, temos inverno (embora as temperaturas nesses locais permaneçam altas entre dezembro e março).
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SEMPRE QUE COMEÇA UM HORÁRIO DE VERÃO, isto é, quando se subtrai uma hora do dia, adiantando os relógios em uma hora, causamos um desconforto físico (por afetar o relógio biológico) e psicológico (por causar a sensação de perda de tempo).
Quando ele termina, ao contrário, temos essa hora que nos foi tomada de volta e a ilusão de um dia com 25 horas. É uma ilusão porque na verdade estamos apenas nos reajustando à natureza.
Com o fim do horário de verão os fenômenos celestes (nascer o pôr do Sol, por exemplo) voltam a coincidir com o horário “normal” – que se não serve para economizar ou garantir mais segurança ao sistema elétrico, pelo menos é aquele com o qual estamos acostumados há milhares de anos.