Oscar D'Ambrosio
Doutor em Educação, Arte e História da Cultura e Mestre em Artes Visuais, atua na Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp.
Aranhas na arte
A imensa aranha de bronze da artista plástica Louise Bourgeois, que está no Museu de Arte Moderna (MAM), no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, SP, com suas dimensões descomunais de 338 x 688 x 633 cm, contrasta com qualquer aracnídeo que possa ser encontrado pelas alamedas repletas de humanos ansiosos por ar puro e saúde.
Os cinéfilos, ao vê-la, lembram certamente de 'Aracnofobia' (1990), dirigido por Frank Marshall e co-produzido por Steven Spielberg. O filme, um clássico do "terrir" (terror + riso), com destaque para o ator John Goodman como um hilário exterminador de aracnídeos, recebeu o Prêmio Saturn, o Oscar de filmes de ficção científica e horror.
No entanto, as tarântulas da Amazônia, os aracnídeos da Nova Zelândia e as aranhas eletrônicas projetadas por David Sosalla usadas no filme nem chegam perto da criação de Bourgeois, inserida numa uma bem-sucedida carreira em que esculturas e instalações entrelaçam sexualidade e sensualidade.
Com suas oito patas dobradas, a aranha de Bourgeois intriga. Fêmea fatal pronta a devorar, ícone demiúrgico lunar e ser do mundo dos infernos, evoca a feminilidade, integra-se ao ambiente do Parque do Ibirapuera e desafia. Sairá a caminhar, liderando uma procissão composta pelos milhares de aracnídeos do parque? E se o fizer? Qual será o seu destino?
Oscar D'Ambrosio, Doutor em Educação, Arte e História da Cultura e Mestre em Artes Visuais, atua na Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp.